Esses dias tive a oportunidade de assistir a um trecho de uma entrevista do Nelson Motta com Roberto Carlos – qua acabou de completar 80 anos e Caetano Veloso. O assunto versava sobre as músicas que um escreveu para o outro por volta dos anos 70 e ao longo do papo, eles cantavam as canções, acompanhados do cello de Jacques Morelembaum e outros músicos. Chamou-me atenção a emoção que cada um deles transmitia na sua fala, ao relatar os e motivos da criação de cada canção. Força Estranha, por exemplo, a preferida de Dona Canô, mãe de Caetano, se refere a uma voz tamanha… a de Roberto Carlos. Em Debaixo dos Caracóis, Roberto quis homenagear Caetano, após um encontro dos dois em Londres, na época que este estava exilado. E por fim, Como Dois e Dois, a master piece de Caetano, feita sob encomenda para o Rei. Caetano sonhou em ouvir dele, “tudo certo como dois e dois são cinco”. Eram tempos duros, estávamos em plena ditadura, e havia um desejo de expressão contido, que só foi possível de ser amplamente divulgado, na voz de Roberto Carlos.
Para a minha geração, que não sentiu na pele os tempos da ditadura no Brasil, relatos como estes acabam por dar novos sentido às canções. São nossos ídolos narrando as alegrias e dores de seu tempo. Um tempo muito perto do agora e que estará para sempre marcado em nossas mentes.
Entender esse passado duro e sofrido e ao mesmo tempo conhecer por meio da música o momento vivido por nossos artistas, nos ajuda a ter a exta noção do que viveram e a não desejar passar por isso novamente.
“É preciso estar atento e forte”