Uma carga de aproximadamente três toneladas de coco in natura e outra com 159 quilos de pimenta foram apreendidas na quinta-feira, 1º de outubro, por fiscais da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf) que atuam na Barreira de Vigilância Agropecuária (BVA), localizada na vila de Jundiá, em Roraima. As cargas, provenientes de Rorainópolis (RR), traziam para Manaus espécies que oferecem risco fitossanitário, e que estão com trânsito restrito. O coco é potencial hospedeiro do ácaro hindustânico, praga que também atinge a produção de citros; e a pimenta picante pode disseminar a praga mosca-da-carambola.
As cargas foram apreendidas e repassadas à Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) para posterior destruição. Os cocos estavam acondicionados em uma carreta e seriam, segundo o responsável pelos produtos, destinados à produção de cocada. Já as pimentas estavam em um caminhão-baú, escondidas sob uma lona.
A fiscal agropecuária e engenheira agrônoma Cristiane Klehm salienta que a vigilância sobre a entrada, no Amazonas, de espécies com transporte restrito é fundamental para evitar o ingresso de pragas que podem causar sérios danos à fruticultura do Estado. O ácaro hindustânico (Schizotetranychus hindustanicus) pode comprometer a produção de laranja, limão e outras frutas cítricas. A praga se caracteriza pelo aparecimento de manchas esbranquiçadas nos frutos e nas folhas.
A atenção é redobrada no posto de fiscalização de Jundiá porque o ácaro hindustânico é classificado, em Roraima, como uma praga quarentenária presente, com ocorrência em todos os municípios daquele estado. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o ácaro foi detectado no Brasil, pela primeira vez, no município de Boa Vista, em 2008, possivelmente introduzido por vegetais infestados provenientes da Venezuela.
Já as pimentas picantes foram apreendidas devido ao risco de introdução da mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) no Amazonas, praga também presente em Roraima. A preocupação em relação a essa praga se justifica pelo fato de que o inseto ataca um grande número de frutas, impactando seu valor comercial e colocando a fruticultura em risco.
A Adaf mantém desde 2017, em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr), a barreira de vigilância conjunta em Jundiá, no município de Rorainópolis, onde realiza a fiscalização dos veículos que trafegam entre os Estados. Além de inspecionar as cargas, os fiscais agropecuários orientam os passageiros a respeito do transporte de frutos hospedeiros da mosca-da-carambola.
No primeiro semestre, 27.641 veículos e 79.741 toneladas de produtos de origem vegetal e suas partes foram fiscalizados pelos agentes da Adaf. Qualquer suspeita sobre a existência da praga deve ser imediatamente comunicada aos órgãos responsáveis. Informações e denúncias podem ser reportadas à Gerência de Defesa Vegetal da Adaf pelos telefones (92) 99390-1750 e 99292-0692.