O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, afirmou em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, que é provável que o novo coronavírus alcance toda a população. O contágio não quer dizer, no entanto, que todas essas pessoas desenvolverão os sintomas da doença.
Conforme histórico da disseminação da doença, já observado em outros países, 86% das pessoas que entraram em contato com o coronavírus não apresentaram nenhum problema de saúde decorrente. Os 14% restantes tiveram que procurar hospitais. Desses, alguns foram internados, parte deles em unidades de terapia intensiva, e uma fração veio a óbito. A atual taxa de mortalidade no Brasil é de 4,2% dos casos notificados.
“Todo mundo vai ter contato com o vírus. O que a gente precisa é ter tempo”, disse Gabbardo, referindo-se à necessidade de ampliação de atendimento, preparação de mais leitos e equipamento de mais unidades com respiradores artificiais. Preocupam o secretário-executivo riscos de sobreposição da Covid-19 com eventual aumento de gripe por influenza (H1N1), comum no inverno brasileiro. O país já iniciou a campanha nacional de vacinação anual contra a gripe.
Autoimunidade
Segundo o secretário-executivo, como ocorre em outras doenças, o organismo de muitas pessoas que venham a entrar em contato com vírus reagirá produzindo a autoimunidade, o que no futuro, junto com tratamentos e uma vacina a ser desenvolvida, favorecerá que a doença não se dissemine mais da forma maciça como ocorre atualmente no Brasil e em outros países. “O fluxo de transmissão começa a diminuir quando já tiver 50% [da população] imunizada”, explicou Gabbardo.
De acordo com o Ministério da Saúde, 10.278 pessoas se infectaram com o novo coronavírus no Brasil até sábado, 4 de abril. O número de pessoas mortas por causa da Covid-19 já totaliza 432. Os dados foram fechados às 14 horas com base nas informações das secretarias estaduais de saúde. O país ocupa a 16º lugar em casos da doença, o 14º lugar em óbitos e o 8º lugar em letalidade.