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Subida do rio Negro faz CPRM emitir alerta de inundação em Manaus

Prefeitura já monitora bairros da capital e da zona rural que podem ser atingidos pela enchente.

O primeiro alerta de cheia com dados que sinalizam a previsão de cota máxima a ser atingida pelo rio Negro, neste ano, foi emitido no último dia 31/3, pelo Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas, coordenado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Para Manaus, a previsão do CPRM é que o rio Negro atinja um valor próximo a 29,45 m, com um intervalo provável variando entre 28,55 e 30,35 m.

Segundo o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação em Manaus (de 27,50 m) é de 99%, no mês de maio. Para a cota de inundação severa (29,00 m) essa probabilidade é de 80%, e para a cota máxima (29,97m em 2012) é de 17%.

A gravação da live está disponível no canal da TV CPRM.

Neste ano, o alerta se estendeu para as cidades amazonenses de Manacapuru e Itacoatiara.

A pesquisadora Luna Gripp, do SGB-CPRM, e o meteorologista Renato Senna, do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), explicaram como devem se comportar os rios nestes locais em virtude das chuvas registradas até março de 2021.

O retângulo amarelo no mapa é o que se espera do rio em Manaus entre os meses de junho e julho, com tendência a um evento extremo

Na cidade de Manacapuru, o nível do rio Solimões está acima do esperado para o atual período do ano, próximo ao observado em 2015, quando a cota máxima de toda a série histórica foi observada no município.

Para Manacapuru, a previsão é que o rio atinja 20,27m em média, podendo variar entre 19,20 e 21,20 m, com 90% de confiança.

Em Itacoatiara, o rio está acima do nível normal desde fevereiro e deve atingir uma média de 14,90 m, com 90% de confiança de que fique no intervalo entre 14,30 m e 15,60 m. A cota de inundação no município, de 14,00m, tem 99% de chances de ser atingida neste ano, e a cota de inundação severa (14,20 m) tem a probabilidade de 97%. A cota máxima em Itacoatiara foi atingida em 2009, com 16,04m, evento que tem 10% de chances de ser igualado em 2021.

De acordo com o alerta, a metodologia de determinação de cada uma das cotas de referência citadas, assim como os pontos que as representam estão detalhados no Relatório de Definição de Cotas de Referência da Amazônia Ocidental, disponível neste link.

Durante a live, a pesquisadora Luna Gripp explicou que, em Manaus, o rio Negro tem um lento processo de subida e descida. Assim que atinge a cota máxima, o rio começa a descer e leva cerca de 126 dias para atingir a cota mínima, com base na série histórica.

Com 94% de confiança, a cota máxima deve ser atingida entre junho e julho deste ano. O mesmo deve acontecer nos outros dois municípios contemplados pelo alerta. O nível do rio Negro vai depender da chuva que cai em toda a planícia amazônica; a viagem da água da cabeceira até a foz do rio leva um mês.

Segundo a pesquisadora Luna Gripp, os eventos estão cada vez mais extremos na Amazônia Ocidental, tanto em frequência quanto em magnitude. Seis das 10 maiores cheias de toda a série histórica de Manaus (com dados desde 1902) aconteceram recentemente, entre 2009 e 2020.

Nesse contexto, o “Alerta de Cheias” é importante para minimizar os impactos à população, uma vez que no Amazonas as comunidades foram sendo desenvolvidas muito próximas aos rios, o que as torna muito vulneráveis. O Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas beneficia hoje cerca de 3,3 milhões de pessoas diretamente.

 

FENÔMENO LA NIÑA

Conforme o meteorologista Renato Senna, o final de 2020 teve um déficit de precipitação em grande parte da Bacia Amazônica Ocidental. No princípio de 2021 esse padrão se inverteu e já em fevereiro de 2021, as chuvas foram muito acima do esperado na bacia como um todo, causando inclusive transbordamentos no Acre.

O pesquisador do Sipam explica que os oceanos são atores determinantes nas chuvas e, no caso da região amazônica, essa influência se dá pelo Pacífico. Como está em curso o fenômeno La Niña, de resfriamento das águas, ele altera a formação de nuvens sobre o oceano e elas passam a se concentrar na Oceania. O resultado têm sido chuvas mais concentradas e em maior quantidade do que o normal na Amazônia, o que tende a se agravar. Em abril, maio e junho as chuvas devem diminuir em intensidade e ficar um pouco acima do normal no médio e baixo Negro, além do curso principal do rio Solimões.

“Segundo grande parte dos modelos de previsão, o fenômeno La Niña está se encerrando, fazendo com que o Pacífico tenda a se aquecer. Ao final do trimestre, a bacia do rio Branco pode chegar a condição de déficit já que a estimativa é de que as chuvas não sejam suficientes”, destacou Senna.

 

DEFESA CIVIL

Em vídeo apresentado durante o Alerta de Cheias, o Major Hélcio Cavalcante, chefe do Departamento de Resposta ao Desastre e Suporte da Defesa Civil do estado do Amazonas, afirmou que todos os municípios da calha do Juruá já estão com situação de emergência decretada. Na calha do Purus, 5 dos 7 municípios estão em situação de emergência. Como exemplo de resposta e proteção à população, a Defesa Civil estadual tem oferecido à população unidades móveis de tratamento de água.

BOLETIM SEMANAL

A Superintendência Regional do SGB-CPRM em Manaus emite semanalmente o Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental, que avalia o comportamento dos rios nos principais pontos das bacias dos rios Negro, Solimões, Madeira e Amazonas, observando a cota atual em relação a dados da série histórica.

Divulgado na última sexta-feira (26), o 12º boletim de monitoramento hidrometeorológico da Amazônia Ocidental mostra que a área tem 4 bacias com rios acima do nível normal para este período do ano. Na Bacia do rio Purus, o nível do rio Acre em Rio Branco (Acre) apresentou e está, atualmente, com níveis altos para o atual período. Na sua foz (estação de Beruri – AM), o rio Purus também vem subindo e está em processo de enchente.

As estações da calha do rio Solimões também se encontram em processo de enchente; nos municípios de Coari (Estação de Itapéua) e Manacapuru, os níveis atuais observados são maiores do que os esperados para o atual período do ano. O rio Amazonas também está em processo de enchente, com níveis altos para esta época do ano.

O nível do rio Negro ainda é alto para o período do ano em São Gabriel da Cachoeira. Em Manaus, o rio segue em processo de enchente e vem subindo a uma média de 6 cm por dia na última semana, encontrando-se em um nível considerado alto para o período. Em processo de enchente e com níveis que representam cota de alerta encontra-se a bacia do rio Madeira, em Porto Velho. Na bacia do rio Branco, as estações Boa Vista e Caracaraí apresentaram pequenas variações de nível ao longo da última semana

Durante o período analisado — 23 de fevereiro a 24 de março, período de chuvas em grande parte da região — observam-se grandes volumes de precipitação sobre algumas bacias da área de monitoramento. Volumes mais elevados são observados nas bacias localizadas no centro e oeste da região e os menores no extremo norte.

Grande parte das bacias monitoradas apresentou excesso de precipitação em provável resposta ao evento La Niña. Clique aqui para ler o boletim completo

REDE HIDROMETEOROLÓGICA NACIONAL

Os Sistemas de Alerta Hidrológico implantados e operados pela CPRM tem o apoio da Agência Nacional de Água (ANA), por meio de aporte de recurso para operação das estações que compõem os Sistemas, as quais fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional. Das estações da RHN, mais de 200 estações de monitoramento são operadas pela unidade da CPRM em Manaus em rios amazônicos.

PARTICIPAÇÃO NA LIVE

Os próximos alertas estão marcados para 30 de abril e 31 de maio. Nesta primeira edição, estiveram acompanhando ao vivo a apresentação a Defesa Civil Estadual do Amazonas, Defesa Civil de Manaus, Defesa Civil de Manacapuru, ​Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres – Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Cenad/Sedec/MDR), ANA, Defesa Civil do Careiro da Várzea, Defesa Civil de Roraima, Equipe de Resposta Nacional da Cruz Vermelha Brasileira, Departamento de Gestão de Risco de Desastre da Cruz Vermelha Brasileira Amazonas, Laghi Engenharia, Inmet-AM, Grupo de pesquisa em Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Maua-Inpa), ISB-Coari da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Coordenação de Obras em Vias Navegáveis do Dnit, Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Consórcio L-RT, responsável pelos levantamentos na hidrovia do rio Madeira e a Unidade Gestora de Projetos Especiais do Governo do Amazonas (UGPE/Ciama e UGPE/Ambiental).

Os participantes tiveram a oportunidade de fazerem perguntas por meio do chat do canal, que foram respondidas ao vivo pelos pesquisadores Renato Senna e Luna Gripp.

 

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