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Somos filhos e filhas da “Polis”, somos todos políticos

“O Homem é um animal político”, Aristóteles

 Estimados leitores, um de meus objetivos aqui é exatamente compartilhar aquilo que me faz gostar de ler, conversar, dialogar, estudar e compreender o que seja a política e de que maneira ela afeta a nossa vida. Pelo menos, basta compreender que tudo o que se relacione a nossa vida econômica, ao saneamento básico, às leis educacionais, transporte público, saúde pública, benefícios no trânsito, preços da cesta básica, isto e mais uma infinidade de coisas em nossas vidas fazem parte deste processo tão importante: o complexo processo político. Entendido desta forma, pode-se arriscar uma conclusão: por se tratar de algo muito importante, precisa ser pensado e refletido, tratado e dialogado com todo o carinho necessário.

Comumente, ao questionarmos as pessoas sobre o que é política e o que é ser político, as respostas sempre se darão em um caminho exterior a si mesmo, que vê a si mesmo como alguém fora desta realidade. De um modo geral para o senso comum, político é o presidente, o governador, os senadores e deputados. E talvez este seja o grande entrave de nossa maturidade política, de que de fato não nos reconhecemos como políticos. Se ao falar de política e ao tentar compreendê-la, em minhas respostas e ideias eu não me vejo como parte de tudo isso, minha visão é incompleta, é parcial.

É necessário compreender que não se pode pensar em política de forma individual, mas é necessário entender que se trata do “nós”, ou seja, “de todos”. A partir do momento em que esqueço deste princípio coletivo, a política perde seu sentido e seu valor. E é exatamente essa natureza coletiva que faz da política algo sublime e extremamente importante, até mesmo para aquilo que mais buscamos, a felicidade.

Na Grécia antiga, os mais importantes pensadores já refletiam sobre a essência, a importância e a abrangência da política na vida humana. Eles puseram no centro de suas reflexões a ideia de justiça e de bem como valores e virtudes assumidos pelo homem. A cidade-estado de Atenas no século V a.C. se transformou em um importante centro cultural e político do mundo antigo.

Neste cenário a consciência da cidade justa estava direta e fundamentalmente ligada à ideia do homem justo. E por justiça se entendiam as práticas dos direitos iguais para todos. Uma forma de convenção igualitária que carregava dentro de si a inspiração que se tem até hoje quando se fala de justiça e direitos, temas estes fundamentalmente relacionados à vida política, à cidadania e consequentemente à democracia.

Os pensadores Sócrates e Platão entendiam a política como arte do governo e sugeriram que somente o pensador filósofo, conhecedor da Verdade, iniciado no entendimento dos conceitos e das ideias, pudesse exercer de forma plena o governo da polis.

Aristóteles por sua vez, desenvolve a ideia do fim último da política, o bem comum. Ele nos ensina que tudo que se pensa na vida em sociedade, na vida política, deve ser pensado para benefício de todos e, para que seja capaz de construir a felicidade, o ser humano deve realizar e aprimorar em si, por meio da educação a finalidade que lhe é mais própria, a virtude da justiça. Assim, somente a partir de um ser humano virtuosamente justo é que se pode chegar a uma polis, cidade, ou sociedade plena em seus valores.

Como poderíamos educar e ensinar nossas crianças para que tenham uma abertura para este tema, cidadania e política? São elas relacionadas e inseparáveis, necessárias e vitais. Política acabou tornando-se um tema relacionado a partidos políticos. No entanto, pensar desta maneira é pensar apenas uma parte da coisa. Ela é muito mais abrangente e complexa, e diz respeito diretamente a nós, a mim e a você.

Posso não ser o político que governa a cidade ou um Estado, ou que tenha algum cargo político. Mas devo ter consciência sim de que sou um cidadão que pertence a um povo, a uma cultura, a uma nação. E tudo o que faz parte da vida deste povo e desta nação, faz parte de um todo, ou seja, de um processo em que todos se ligam e, de alguma forma, interdependem.

Uma sociedade como a nossa, que possui grandes desigualdades precisa compreender o que é a política e o que significar fazer parte dela, principalmente uma sociedade de regime democrático. Uma sociedade que pretenda viver bem, viver em paz, viver de forma digna e plena os seus direitos e deveres, precisa saber conectar-se, dialogar, chegar a consensos, necessita construir pontes e conexões, respeitando o outro, o espaço público, os diversos interesses, respeitando a coletividade, a democracia e a igualdade.

Ser político, de um modo geral significa viver a cidadania, de forma consciente, livre, responsável e guiada sempre por valores e pelo desejo do bem coletivo, fazendo-se necessário, portanto, atuar na vida da “polis”. Pensar desta maneira, de que estamos ligados a esta realidade, de que somos todos filhos da polis, significa portanto, que fazemos parte de um mesmo dinamismo, de um mesmo processo, e para que a vida na cidade e na sociedade seja positiva e benéfica se faz necessária a participação consciente de todos.

Por Sérgio Bruno

É um livre pensador e professor formado em Ética e Filosofia Política, com mais de 15 anos de experiência na docência e formação de jovens e adultos. Atualmente também é professor em cursos pré-vestibulares na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, atuando também como professor de Sociologia, Cultura Religiosa e Teologia. É apaixonado por temas como Cultura e Sociedade, Cidadania, Política, Direitos Humanos e Diálogo Inter-religioso. Adora livros, leitura e literatura e deseja convidar você para compartilhar pensamentos, ideias e reflexões diversas.

 

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