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Servidores do Inep relatam censura nas questões do Enem 2021

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que pediram demissão de seus cargos no órgão, detalharam em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, quais foram as interferências exercidas sobre a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Os funcionários, que não quiseram se identificar, dizem que o conteúdo das provas foi censurado, como já havia relatado o presidente da Assinep (Associação dos Servidores do Inep), Alexandre Retamal. Desta vez, porém, um dos trabalhadores explicou que o diretor de Avaliação de Educação Básica, Anderson Oliveira, pediu a remoção de mais de 20 questões da primeira versão da prova deste ano que havia sido elaborada.

De acordo com um dos funcionários, a maior parte da censura foi aplicada em cima de questões que envolvem contextos sociopolíticos ou socioeconômicos, em especial as que giram em torno da história dos últimos 50 anos do Brasil. Os funcionários sustentam que, do ponto de vista técnico, não havia motivos para as questões serem removidas. As perguntas da prova do Enem são escolhidas pela equipe técnica do Inep de um repositório chamado Banco Nacional de Itens — um banco de questões elaboradas por professores escolhidos por edital.

“O grande erro é achar que você pode simplesmente pegar uma prova e sair riscando itens cujo conteúdo você não gosta”, falou um servidor. Intimidação de servidores Os servidores explicaram na entrevista que a prova do Enem só é preparada e analisada dentro de um ambiente seguro, protegido em diversas etapas por detectores de metais e portas que só são abertas com a biometria dos profissionais autorizados. Além disso, a sala está toda cercada de câmeras, sem nenhum ponto cego. Mesmo assim, eles chegaram a ser surpreendidos neste ano com a presença inesperada de um policial federal, que chegou ao ambiente seguro e pediu para ver a prova.

“O Inep precisa explicar como essa pessoa foi parar lá dentro, quem autorizou a entrada, o que ele fez, que nível de controle a gente tem sobre as informações que ele acessou estando lá”, cobrou um funcionário. Os servidores avaliam que a motivação da presença do policial foi de intimidá-los. Outra ação que eles consideram que foi feita com o objetivo de intimidação foi um pedido de incluir 22 novos nomes na lista de pessoas autorizadas a ter acesso à prova do Enem. Após reclamações dos funcionários, o presidente do Inep, Danilo Dupas, voltou atrás na tentativa de acrescentar os nomes.

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