*Da Redação Dia a Dia Notícia
O número de focos de calor no estado de Roraima mais que dobrou de janeiro para fevereiro deste ano. Até 27 de fevereiro, o Inpe detectou 2.605 focos ativos de queimadas no estado, quase o total de focos registrados em todo ano de 2023: 2.659. Atualmente, o estado responde por 29,8% dos registros de focos de incêndio no país, à frente do Mato Grosso e do Pará, além de representar 53% de todos os focos registrados na Amazônia.
O alastramento do fogo é explicado pela seca intensa que atinge Roraima, agravada pelo fenômeno climático El Niño. As queimadas tem avançado inclusive sobre as terras indígenas Yanomami, Raposa Serra do Sol e São Marcos. À imprensa, o tuxaua Cesar da Silva afirmou que o ano está “atípico”.
“Desde o ano passado a gente tem sentido essa mudança muito grande. O ar está… a umidade está muito baixa e isso também tem acarretado problemas de doença nas famílias, principalmente nas crianças, e realmente a quentura ela está fora do normal”, disse
A pesquisadora Ane de Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), escreveu para o Observatório do Clima que a tendência de focos na Amazônia inteira, não só a brasileira, “aumentou bastante neste período. Tudo leva a crer que essa anomalia é por conta do clima”.
Ação criminosa e greve
Além dos problemas climáticos, existem fortes suspeitas de que grupos criminosos continuam invadindo a floresta e praticando queimadas, desmatamento e degradação ambiental. O Ibama, órgão que cuida da questão, está com a maior parte dos servidores em greve há meses.
As categorias cobram reestruturação de carreira e reajustes. Nas últimas semanas, trabalhadores do Ibama passaram a criticar duramente a ministra Esther Dweck, do Ministério da Gestão, por aprovar aumento salarial para policiais enquanto nega os pedidos dos agentes ambientais.
“[A] suspensão é uma resposta direta à falta de ação e suporte efetivo aos servidores e às missões críticas que desempenhamos. [Além disso], essa suspensão das atividades externas terá impactos significativos na preservação do meio ambiente e atribuímos isso aos dez anos de total abandono da carreira do serviço público que mais sofreu assédio e perseguição ao longo do governo anterior e ainda não foi definitivamente acolhida e valorizada pelo atual”, diz documento de greve publicado em janeiro.