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Rozenha apresenta projeto para proibir discussões de gênero entre adolescentes; deputado alega erro e afirma que irá retirar proposta

Foto: Tiago Corrêa
*Lucas dos Santos – Da Redação Dia a Dia Notícia

O deputado estadual Ednailson Rozenha (PMB) apresentou um projeto de lei visando proibir qualquer publicidade que “contenha alusão à orientação sexual, ideologia de “gênero” e a movimentos sobre diversidade sexual referente ou dirigia à infância e à adolescência” no Amazonas, usando como justificativa o conceito falacioso de “ideologia de gênero” e invocando o Estatuto da Criança e do Adolescente. Após a repercussão no projeto, o deputado afirmou que tratou-se de um erro e que iria pedir a retirada da proposta do sistema da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) referendou uma decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que derrubou uma lei semelhante aprovada pela Câmara Municipal de Manaus, a qual proibia o conceito de ideologia de gênero na grade curricular das escolas públicas municipais da capital.

No projeto de lei, Rozenha afirma que a proposta não afeta a questão de publicidade – de competência da União – “mas sobre a proteção da criança e do adolescente, em relação à comunicação mercadológica”.

“É de conhecimento geral (e bons profissionais de saúde e educação atestam) que a educação sexual da criança (na família e nas instâncias parceiras da família) precisa ser personalizada, partindo de suas dúvidas e de sua gradual evolução, sendo contraproducente e, por vezes, agressivo, introduzi-la de supetão, em determinados temas”, escreve o parlamentar.

Falácia rejeitada

O conceito de ideologia de gênero sempre foi rechaçado por diversos pesquisadores das áreas política e educacional. Segundo um artigo do Coletivo Bereia para a Rede Nacional de Combate à Desinformação, o termo surgiu pela primeira vez na América Latina em uma conferência de bispos católicos no Peru. Já no Brasil, o debate sobre o assunto surgiu durante as discussões sobre o Plano Nacional de Educação em 2014.

Na época, as crescentes frentes parlamentares religiosas, sobretudo a evangélica, afirmaram que as expressões igualdade, identidade de gênero, orientação sexual e sexualidade nas escolas “valorizavam uma ‘ideologia de gênero’, corrente que deturparia os conceitos de homem e mulher, destruindo o modelo tradicional de família”.

A pesquisadora Sandra Duarte, doutora em ciências da religião, publicou um artigo evidenciando a campanha dos setores religiosos “contra o que se classificou como ideologia de gênero”. O termo ganhou carga negativa e foi utilizado para censurar questões de gênero e assuntos relacionados, como sexualidade nas escolas.

“O modelo de família reivindicado por esses grupos, referido sempre como “modelo natural”, responderia aos objetivos divinos para a criação do ser humano. A família só seria legítima se acompanhasse o modelo homem, mulher e filhos, sendo descartadas outras composições. Para isso, é preciso vigiar o sexo, vigiar os corpos e regular a sexualidade, e um dos meios mais eficazes para isso tem sido o da produção do pânico moral por meio da construção do inimigo: as feministas.”, escreve Sandra.

Pauta vencida

Já existe jurisprudência no Supremo Tribunal Federal para a derrubada desse tipo de legislação. Além da lei promulgada pela Câmara Municipal de Manaus que foi tornada inconstitucional, outros projetos aprovados pelo Brasil também foram anulados.

Em 2020, a corte suprema decidiu por unanimidade derrubar uma lei de 2015 aprovada pela Câmara Municipal de Nova Gama, em Goiás, que proibia a veiculação de materiais e informações nas escolas municipais que contivessem “ideologia de gênero”.

Contradição

Apesar de o projeto proibir qualquer publicidade relativa à diversidade sexual, a empresa de calçados Sapatinho de Luxo, de propriedade de Rozenha, fez diversas campanhas voltadas ao público LGBT+ durante o mês de junho, quando se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBT+ (28/6). Uma das campanhas publicitárias contou inclusive com o ex-BBB Gil do Vigor, assumidamente homossexual.

Retirada de pauta

Após a má repercussão nas redes sociais, o deputado veio a público afirmar que o projeto será retirado dos sistemas da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Nas respostas, o deputado afirmou que apoia a causa LGBT e que o protocolamento do projeto tratou-se de um erro.

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