O relatório do Monitor da Violência divulgado em agosto deste ano apontou que o estado de Roraima teve a maior alta no índice de mortes violentas em comparação com outros estados da região Norte do Brasil. Os dados apontam um aumento de 40,4% na violência na unidade federativa.
O Amazonas aparece em segundo lugar na região, com um aumento de 35,6%. Os dois estados foram os únicos do Norte que tiveram aumento nos níveis de violência, indo na contramão do índice nacional, que teve queda de 8% nas mortes violentas em comparação com 2020. No primeiro semestre de 2021, o país registrou 21.042 mortes violentas, contra 22.838 no primeiro semestre de 2020.
Para a polícia de Roraima, uma das razões do aumento da violência é a disputa de território pelo tráfico de drogas entre facções rivais. A pesquisadora da Universidade Estadual de Roraima Nannibia Cabral afirmou que “novas facções venezuelanas têm se instalado com o processo migratório. Essa disputa por espaço […] colabora sobremaneira para um aumento do número de homicídios dolosos”.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) também credita o crescimento da violência no estado ao tráfico de drogas. A pasta informa que 80% dos homicídios são consequência de disputa pelo mercado ilegal.
No restante do Brasil, outros quatro estados registraram aumento nas mortes violentas: Maranhão (11,6%), Piauí (8,4%), Paraíba (8,3%) e Bahia (7,1%). Em contrapartida, o Ceará foi o estado que registrou a maior queda no índice de violência, com 28,8% menos mortes em relação ao mesmo período de 2020.
O levantamento é feito mensalmente em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o pesquisador Bruno Paes Manso, do NEV-USP, se por um lado o balanço traz motivos para comemoração, por outro serve de alerta.
“A queda de 8% é importante, com destaque para o estado do Ceará, que em 2020 tinha liderado o crescimento de mortes intencionais violentas. Houve queda em 21 estados do Brasil, enquanto seis registraram aumentos. Os motivos para o alerta vêm da região Norte. Roraima e Amazonas ficaram nos primeiros lugares entre os que mais cresceram, justamente estados onde os conflitos em áreas indígenas foram mais intensos, com suspeita de participação do crime organizado na invasão de terras”, afirmou Bruno.
O sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Luiz Nascimento afirmou que há dois elementos importantes para reduzir os índices de criminalidade.
“Em primeiro lugar é fazer esse estudo de tipologia do atual cenário de crime violento para identificar em que circunstâncias, locais, dias e horários que esses crimes acontecem, possibilitando ações preventivas. E em segundo lugar é ampliar a capacidade de investigação, garantindo que o setor de investigação solucione mais rapidamente os crimes […]”.
*Com informações de Agência Cenarium e g1