*Lucas dos Santos – Da Redação Dia a Dia Notícia
O candidato Ricardo Nicolau (Solidariedade) divulgou uma pesquisa em suas redes sociais na qual aparece em terceiro lugar na disputa pelo Governo do Amazonas, à frente do senador Eduardo Braga (MDB). Contudo, o levantamento utilizado pelo nome da coligação “Nós, o Povo” foi impugnado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) nessa sexta-feira (23/9) por conter irregularidades, ficando proibida a sua divulgação.
Na decisão do juiz Márcio André Lopes Cavalcante, o levantamento da AR7 Pesquisas cometeu “irregularidade grave” ao não incluir o nome e a foto do senador Omar Aziz (PSD) no disco de candidatos apresentado aos entrevistados. O magistrado atendeu ao pedido da equipe jurídica do candidato à reeleição ao Senado e proibiu a divulgação da pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número AM-01355/2022. Outras duas pesquisas foram impugnadas pela mesma razão.
Ainda assim, o candidato Nicolau divulgou a pesquisa em suas redes sociais.
“Nossa campanha disparou! Nicolau subiu de 11,5% para 16,7% na intenção de votos dos amazonenses, segundo o instituto AR 7 Pesquisas”, escreveu em postagem no Instagram, junto com um vídeo animado que continha o número da pesquisa impugnada.
Autora da ação contra a pesquisa da AR7, a advogada eleitoral Maria Benigno afirmou que Nicolau pode ter cometido crime eleitoral por divulgar uma “pesquisa fraudulenta”. Segundo a advogada, a lei eleitoral estipula detenção de seis meses a um ano para quem divulgar pesquisas falsas, além de multa que varia entre R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00. A pena está contida no artigo 18 da Resolução 23.600/19, citada pelo juiz Lopes Cavalcante.
Confira a decisão completa aqui.
O que diz a pesquisa
O levantamento impugnado mostra liderança do governador Wilson Lima (União), seguido pelo ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania). A terceira posição, na qual Eduardo Braga aparece na maioria das pesquisas eleitorais, fica por conta de Ricardo Nicolau nos dados da AR7.
O levantamento ouviu 2 mil pessoas entre os dias 16 a 21 de setembro em Manaus, nas cidades da região metropolitana, e no município de Coari (a 366 quilômetros de Manaus).
Empresa coleciona problemas
Aberta em 2018 na cidade de São Paulo (SP), a AR7 Pesquisas já outros problemas com a Justiça Eleitoral. Conforme apurou o portal RealTime1, a empresa registrou 61 pesquisas eleitorais em vários estados do Brasil, muitas vezes em cidades médias e pequenas e sempre com um orçamento baixo que variava entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
O estatístico responsável pela empresa, Augusto da Silva Rocha, foi alvo do Ministério Público Federal por suspeita de fraudes nas 61 pesquisas registradas em 2022. Antes, durante as eleições municipais de 2020, a pesquisa eleitoral da AR7 para a prefeitura de Lages (SC) foi suspensa e a empresa foi multada em R$ 53 mil. O levantamento em questão propunha a realização de 2.500 entrevistas presenciais em seis cidades de Santa Catarina durante dois dias.
Segundo o juiz eleitoral Wilson Pereira Júnior, do TRE-SC, “a realização desse tipo de trabalho envolve a colocação de muitas pessoas nas ruas, bem como recursos humanos qualificados para a verificação dos dados coletados, procedimentos que certamente implicam gastos que ultrapassam o valor de R$ 5 mil”. A empresa também enfrentou proibições em Balneário Gaivota, também em Santa Catarina.
O RealTime1 também constatou que Augusto é responsável por pesquisas em outras duas empresas impugnadas no Amazonas: Instituto Phoenix, sediado em Porto Velho (RO), e o instituto LOTTUS V.
A reportagem do Dia a Dia Notícia entrou em contato com o candidato, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria às 15h28 de 24 de setembro de 2022.
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