*Da Revista Cenarium
A categoria dos professores apresentou uma redução de 20% de candidatos à Câmara Municipal de Manaus (CMM) em relação à última eleição de 2016. O número de educadores saiu de 85 postulantes para 68 no pleito deste ano. Com base nisso, a REVISTA CENARIUM consultou especialistas para analisar se a falta de coalisão ou de perda de poder político da classe está relacionada com o fenômeno.
De acordo com o cientista político Carlos Santiago, a educação dentro da administração pública detém a maior capilaridade, por estar presente em quase todos os municípios. “É uma enorme capilaridade política para se alcançar simpatia popular, votos e também poder. Porém, nos últimos anos, a área de educação tem perdido espaço nos cargos eletivos e até mesmo força social via movimento sindical, bem como também de mobilização popular”, explicou Santiago.
O especialista relatou ainda que esse processo dificulta a inclusão de mais profissionais na área de educação, principalmente, nos cargos eletivos, além de demonstrar uma perda de poder da classe. “Isso abre espaço para militares, policiais e líderes evangélicos ou religiosos ganharem mais força. E quando não temos grande representação da educação nos parlamentos, há uma tendência enorme de enfraquecimento político da pauta, como estamos assistindo nos dias atuais. Os professores, pedagogos, alunos e pais formam um contingente expressivo de simpatia popular e de força política, porém, não estão avançando ou conquistando espaço de poder”, declarou o cientista político.
Mesma causa, métodos diferentes
Para Helso do Carmo, especialista em ciências políticas, muitos postulantes querem estereotipar a função de professor ao nome para angariar votos. Segundo o especialista, cada nicho da sociedade deveria possuir representação na CMM. “O que observo é que essas 68 candidaturas não formam um grupo homogêneo. Temos professores em todos os partidos, professores dispersos em várias ideologias e o próprio sindicato dos professores, que no Amazonas são dois, também não tem um direcionamento homogêneo. Eles não conseguem apoiar uma só candidatura”, defendeu Helso.
Carmo destaca ainda que a pluralidade da sociedade poderia ser um fator predominante nos cargos eletivos. “Eu acho que ele [o pleito] deve ser bem dividido para os professores, porque eu não vejo a classe com direcionamento homogêneo. Claro que todos querem melhorar a educação, mas isso é um discurso unânime, mas o modus operandi para que isso se dê não é igual para a classe inteira”, finaliza Carmo.