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Recebido por apoiadores, Marcelo Ramos critica Arthur Lira e diz que Bolsonaro é o pior presidente da história

O deputado federal classificou a atitude do presidente da Câmara como uma covardia, mas disse que não é apegado a cargos
Foto: Lucas dos Santos
*Lucas dos Santos, da Redação Dia a Dia Notícia

Após ser destituído da vice-presidência da Câmara, o deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) desembarcou em Manaus nesta quinta-feira, dia 26, e criticou o presidente da casa legislativa, deputado Arthur Lira (PP-AL), revelando que ele chegou a propor um acordo para que desistisse das ações judiciais contra os decretos do presidente Jair Bolsonaro (PL), que prejudicavam a Zona Franca de Manaus, “para continuar na cadeira” de primeiro vice-presidente da Câmara Federal.

“Essa era a troca que eles queriam que eu fizesse. A proposta era eu parar de lutar contra o decreto do IPI, de eu desistir das ações que estão na Justiça, para continuar na cadeira [de vice-presidente]. Foi a escolha mais fácil que eu já tomei na minha vida, porque eu não sou apegado a cargos, sou apegado ao meu compromisso com o povo do Amazonas”.

O deputado foi surpreendido com uma manifestação em seu apoio no fim da manhã desta quinta-feira (25/05), no desembarque do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, localizado no bairro Tarumã, zona Oeste de Manaus. O líder comunitário Sidnei Ribeiro, representante da comunidade Jesus Me Deu e um dos organizadores da recepção, ressaltou que o objetivo da manifestação era prestar solidariedade a Marcelo Ramos pela sua defesa do modelo Zona Franca.

“A gente tem conhecimento do momento que a Zona Franca vive hoje. Essa perseguição política, na verdade, que só acontece em ano de eleição. Eu, como líder comunitário, conhecedor da necessidade, que mora numa periferia, tenho conhecimento do que o nosso estado tem passado, um dos estados que mais sofreu com a pandemia [de Covid-19]. E a gente é solidário ao posicionamento do deputado Marcelo Ramos”, afirmou.

O parlamentar desembarcou e cumprimentou seus apoiadores, que respondiam com palavras de ordem em apoio ao deputado e com protestos contra o presidente Jair Bolsonaro, principal articulador da saída de Marcelo Ramos do cargo na Mesa Diretora na Câmara.

 

Ataque à democracia

Marcelo Ramos afirmou que sua retirada da vice-presidência da Câmara pelo presidente da casa, deputado Arthur Lira, após pressão de Bolsonaro e seu partido abre um precedente “perigosíssimo” para a democracia.

“Quando o Executivo ataca a democracia é perigoso. Quando o Legislativo se associa com o Executivo para atacar a democracia, é mortal. Eu fui eleito [para vice-presidente] por 396 votos, quase cem votos a mais do que ele [Arthur Lira], e fui destituído por um voto”, destacou.

Apesar disso, Marcelo disse que iria virar a página sobre essa questão e focar no que “é importante”. O deputado ressaltou que, para o povo amazonense, o importante não é a cadeira de vice-presidente, mas a proteção da Zona Franca de Manaus, a fome, o desemprego e o preço dos combustíveis. O deputado repetiu sua declaração anterior, afirmando que “eles ficam com o cargo, e eu fico com os meus ideais, com as minhas convicções, com as coisas em que acredito, e com meu dever lutar ao lado do povo do Amazonas”.

“Meu sentimento é de orgulho. Que outro sentimento poderia ter um homem que é retirado de um cargo por não trair seus ideais? Eu posso descer aqui e ser recebido com carinho pelas pessoas porque eu fiz a escolha certa”, disse.

Covardia e interferência

Marcelo Ramos destacou que é leal a gestão de Arthur Lira por ele ser o presidente da Câmara, mas afirmou que o expoente do Centrão não é dono de seu mandato.

“Se ele [Lira] tem mania de manda no mandato dos outros, que se acovardam a ele, ele encontrou alguém que não se apequena diante do autoritarismo dele”, pontuou.

Marcelo também destacou que sua troca partidária ocorreu há cinco meses, mas que a pressão para o retirar do cargo só veio após criticar o Governo Federal pelos ataques contra a Zona Franca de Manaus. O parlamentar apontou que Bolsonaro “deu uma ordem” para Arthur Lira por meio de uma live realizada nas redes sociais. Ele também destacou a alteração no regimento interno durante a gestão de Eduardo Cunha, que entendia as legendas partidárias como blocos em uma gestão da mesa diretora. Tanto o PL, seu antigo partido, quanto o PSD, atual partido, fazem parte do mesmo bloco que venceu as eleições internas em 2019.

“Não foi uma decisão regimental, é uma decisão política de um presidente da casa que se acovarda com uma ordem do presidente da República”, disparou.

O deputado considera que há uma interferência como nunca houve na história política do Brasil.

“Na ditadura militar, os militares cassavam os deputados, eles não mandavam o presidente da Câmara cassar o deputado. Um presidente da Câmara nunca teve uma atitude tão vergonhosa como teve o presidente Lira”

Perguntado sobre a suposta pressão exercida pelo coronel Alfredo Menezes (PL), pré-candidato ao Senado pelo Amazonas, Marcelo afirmou que “nem sabia quem era Menezes, é absolutamente insignificante para mim”.

Bolsonaro no Amazonas e pior gestão da história

Quanto à viagem do presidente Jair Bolsonaro para participar da Marcha para Jesus no próximo sábado (28/05), Marcelo afirmou que gostaria que o chefe do executivo federal viesse ao Amazonas para “inaugurar alguma coisa, entregar alguma coisa ao povo” do estado.

“Ele prometeu a BR-319 e não entregou. Prometeu proteger a Zona Franca e não entregou. A BR-174, que foi uma rodovia que nunca teve problema está quase que intrafegável em muitos trechos dela. Então ele vem aqui participar dessas festas, infelizmente financiadas com dinheiro público, […] legítima do ponto de vista religioso, mas que perde a legitimidade quando é contaminada com o interesse político, quando vira palanque eleitoral”, afirmou o deputado.

Marcelo ressaltou que não julga a religiosidade de ninguém e que Bolsonaro tem o direito de ir aonde quiser, mas que o povo do Amazonas ainda espera que o presidente traga uma boa notícia, “porque até agora ele não trouxe nenhuma”.

Na questão da Zona Franca de Manaus, Marcelo Ramos afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, desde o princípio se colocou contra o modelo. Segundo o parlamentar, Guedes teria dito em reunião que era “mais barato para o Brasil jogar dinheiro de helicóptero em Manaus do que financiar a Zona Franca”.

Ao relembrar a fala do prefeito de Manaus David Almeida (Avante), que afirmou que Paulo Guedes era o pior ministro da Economia da história do país, Marcelo Ramos destacou que ele somente ocupa o cargo atualmente por causa de Bolsonaro, a quem atribuiu o título de “pior presidente” da história.

“O Paulo Guedes é o pior ministro da Economia, mas ele só é o pior ministro porque nos temos o pior presidente”, finalizou.

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