O “sino da cura” tocou para o pequeno Brener Lorenzo, de 4 anos, na manhã desta quarta-feira (15/07). Depois de dois anos e meio de tratamento contra uma Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), o menino da cidade de Anori (a 195 quilômetros de Manaus) recebeu alta e está livre da doença. Ele faz parte das pessoas que tiveram diagnóstico precoce e iniciaram o tratamento de forma imediata, tendo com isso aumento nas chances de cura de até 85%.
A alta de Brener é o resultado, na prática, do Programa de Ampliação do Diagnóstico Precoce das Leucemias, para o interior do Amazonas, desenvolvido pela Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam). O intuito do programa é capacitar profissionais para diagnosticarem precocemente o câncer no sangue e, com isso, aumentar as chances de cura para pacientes oriundos dos municípios amazonenses. Desde 2017, a iniciativa já capacitou 81 profissionais de 37 cidades do interior.
No caso do Brener foi assim: o técnico identificou as alterações no exame de sangue dele e repassou direto para o Hemoam, que, ao confirmar a leucemia, iniciou o tratamento do menino em menos de 72 horas.
“Ainda lembro quando o Brener chegou aqui no Hemoam, era um final de tarde e já tínhamos o resultado dele em mãos. Acionamos toda a equipe e tratamos de internar ele às pressas. Hoje ele está aqui, com a saúde ótima, mostrando que a cura da leucemia é possível quando tratamos precocemente”, disse a Socorro Sampaio, médica hematologista pediatra, que acompanhou todo o tratamento de Brener e atualmente é a diretora-presidente do Hemoam.
Para a mãe do menino, Eliane Silva de Oliveira, que acompanhou o sofrimento do filho em tempo real, a sensação é de alívio. “É um sentimento assim de milagre. Milagre de Deus, uma vez eu saí da sala da dra. Socorro e avisei que no dia que meu filho entrasse em ‘manutenção’, eu daria esse testemunho”, disse ela, logo após o ato de tocar o sino da cura junto com o filho. O sino simboliza o fim do tratamento contra o câncer.
“Manutenção” é o termo utilizado para indicar que, mesmo após o desaparecimento do câncer, o paciente continuará tendo acompanhamento médico para certificar que a doença não voltou. Essa manutenção é realizada trimestralmente.
Número de pacientes do interior cresce 25%
Desde que a ampliação do programa de diagnóstico teve início, houve um aumento de pelo menos 25% na demanda de pacientes com doenças do sangue oriundos do interior. Antes disso, 80% das crianças e adultos que vinham se tratar no Hemoam eram provenientes da zona urbana de Manaus ou da Região Metropolitana.
“A realidade não é que não tinha pacientes, é que não tinha diagnóstico, e aí nós levamos o treinamento para técnicos que estão no seu cotidiano. Fizemos uma articulação via WhatsApp, eles mandam as fotos das células, nós identificamos a possibilidade de ser uma leucemia ou uma doença maligna qualquer do sangue, e aí articulamos para que as crianças e os adultos venham o mais rápido possível”, esclareceu o médico hematologista e diretor clínico do Hemoam, Nelson Fraiji.
O programa tem apoio do Instituto Ronald McDonald, por meio do Grupo de Apoio à Criança com Câncer do Amazonas (GAAC).