*Da Redação – Dia a Dia Notícia
O município de São Gabriel da Cachoeira (distante 1.000 quilômetros de Manaus) irá receber a primeira edição do Encontro de Turismo indígena do Rio Negro nos dias 10 e 12 de dezembro na comunidade de Duraka, na Terra Indígena Médio Rio Negro I.
O evento será realizado pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), com o intuito de reunir as iniciativas que já existem e identificar novas comunidades que desejam fazer parte deste roteiro.
A diversidade cultural do Rio Negro chama a atenção, tendo no total 23 povos indígenas, que habitam há mais de três mil anos a região e falam 16 línguas indígenas vivas, sendo quatro delas cooficiais em São Gabriel da Cachoeira: Nheengatu, Baniwa, Tukano e Yanomami. Um dos motivos que levou os povos da região a criar projetos de turismo de base comunitária para receber visitantes interessados na cultura, na natureza e em aprender com os moradores sobre a vida na Amazônia.
Além da cultura, a paisagem natural do Rio Negro é outro grande detalhe que encanta turistas de todo o mundo, o contraste entre as águas pretas com as praias de areia branca e a colossal área de floresta alagada, formam uma das paisagens mais exuberantes do Brasil.
Para que as práticas de turismo possam ocorrer em terras indígenas, as organizações seguem as diretrizes da IN03/2015, instrução normativa da Fundação Nacional do Índio (Funai) que, por meio do desenvolvimento de um Plano de Visitação, coloca as comunidades indígenas como protagonistas do turismo nos seus territórios.
“O objetivo nesse primeiro encontro é dar início a uma Rede de Turismo Indígena do Rio Negro, criando um ambiente de trabalho colaborativo onde possamos estruturar esse roteiro turístico, atrair mais parceiros e políticas públicas que incentivem o turismo indígena na região mais preservada da Amazônia”, ressalta Lana Rosa, assessora do projeto de turismo Yanomami, Yaripo (Pico da Neblina), no ISA.
Atualmente, existem 17 iniciativas de turismo indígena mapeadas na região, sendo algumas delas já em plena atuação, como o turismo de pesca esportiva em Santa Isabel do Rio Negro (rios Marié e Jurubaxi) e o roteiro Serras Guerreiras de Tapuruquara; e o encontro busca fortalecer ainda mais as comunidades.
Em janeiro do ano que vem, o turismo Yanomami ao Pico da Neblina terá sua primeira expedição comercial, por exemplo.
O evento contará com apresentações de convidados sobre a Cadeia de Turismo, Relação Anfitrião-Turistas e Cultura Alimentar como Atrativo Turístico, além de uma mesa redonda intitulada Turismo como ferramenta de governança e segurança nos territórios indígenas. Na mesa redonda estarão presentes o Exército brasileiro, o Ministério Público Federal (MPF), Funai e o ICMBio, para debater com as instituições da sociedade civil e as comunidades e lideranças indígenas.
Com apoio do projeto ForEco, da Rainforest Foundation, o encontro contará ainda com a presença de Susy Simonetti, professora do curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), doutora em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia e que vem trabalhando junto à comunidades no Mosaico do Baixo Rio Negro.
À frente da organização do I Encontro de Turismo Indígena do Rio Negro estão as assessoras do ISA na área de turismo indígena, Lana Rosa e Jéssica Martins, e da assessora de turismo indígena no departamento de negócios socioambientais da Foirn, Tifani Araújo.
*Com informações de Instituto Socioambiental