Nesta quarta-feira, dia 22, a Confederação de Desportos Aquáticos (CBDA) recebeu uma nota oficial do presidente da Federação Amazonense de Desportos Aquáticos (Fada), Vitor Hugo Lopes Façanha, conhecimento como ‘Botinho’, comunicando a sua diretoria sobre a desistência à reeleição para o quadriênio 2021/2024 à frente da instituição.
Botinho era o único candidato na disputa, que aconteceria no dia 29 de dezembro. Ele abandona a disputa após ser divulgado o relato de oito ex-nadadoras que o acusam de abuso sexual, entre os anos de 2008 e 2017, quando tinham entre 11 e 17 anos de idade. O ex-técnico nega as acusações.
Ex-nadadoras da Fada denunciaram abusos cometidos pelo técnico no período em que elas eram treinadas por ele no Colégio La Salle e na Vila Olímpica
A CBDA explica que as federações regionais atuam de forma independente na forma da constituição da Lei 9.615, a Lei Pelé, e que o impedimento legal para participação se dá apenas após o trânsito em julgado da sentença condenatória — ou seja, quando não cabem mais recursos.
O órgão esclarece ainda que, mesmo antes do comunicado divulgado pela Fada, a entidade já analisava propor uma recomendação de não participação na eleição, pois entende que tais fatos devem ser apurados com “extremo cuidado”. O Conselho de Ética da CBDA tem reunião hoje sobre o assunto.
Um novo edital para inscrição de novas chapas para as eleições da federação será realizado com data ainda a ser definida. A CNN conversou com quatro das oito jovens que dizem terem sido abusadas por Vitor Hugo. Elas se mostraram aliviadas e esperançosas com a notícia. “Saber que ele pode ficar distante de outras atletas fez me sentir melhor”, disse uma delas.
Procurado pela reportagem, Façanha ainda não respondeu sobre o motivo da desistência da candidatura.
Ex-técnico será investigado
Na última segunda-feira, dia 21, o Ministério Público do Amazonas informou que será instaurada uma notícia de fato — uma espécie de procedimento administrativo — para apurar os relatos das ex-atletas de Botinho. O pedido de investigação foi encaminhado à Coordenação do órgão, na capital manaura, e será distribuído a uma das Promotorias de Justiça especializadas.
Segundo o promotor de Justiça Rodrigo Leão, a investigação deve correr sob segredo de Justiça por se tratarem de denúncias muito graves que envolvem vítimas em situação de vulnerabilidade, tanto pela faixa etária quanto pela condição socioeconômica.