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Prefeito Arthur Neto diz que falta de “liderança presidencialista” prejudicou o combate à pandemia

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), criticou nesta segunda-feira (28) o governo Bolsonaro pela ausência de medidas de enfrentamento à Covid-19 no Brasil. A capital amazonense enfrenta novamente um agravamento da pandemia, com aumento no número de internações e a formação de uma fila para enterros das vítimas do coronavírus.

Segundo o prefeito, a inexistência de uma liderança presidencialista no combate à pandemia fez com que o país fosse “um dos países que enfrentou de maneira pior à Covid-19”.

“A posição do presidente deveria ser mais proativa, afinal de contas, não é a cabeça do presidente que é presidencialista, é a cabeça do povo que é presidencialista. O povo está acostumado a ter um chefe [de Estado]. […] O Brasil foi um dos países que enfrentou de maneira pior à Covid-19. Quando fechou, fechou sem planejamento. Quando abriu, abriu irresponsavelmente.”, afirmou Virgílio em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band, na segunda-feira.

De acordo com os dados da Prefeitura de Manaus, o número de sepultamentos diários por Covid-19 já saltou de 30 para 45. Para o prefeito, que deixa o cargo em 31 de dezembro, as ações de combate à doença fizeram fechar as atividades sem planejamento e quando reabriu “foi de qualquer jeito”. Agora “volta a fechar sem efetivas ações para assegurar o bem-estar das pessoas”, afirmou Arthur Virgilio, em referência à tentativa do governo estadual de decretar um lockdown no fim de ano.

“Fui contra por duas vezes de o governador abrir as coisas. A gente tem que dar um jeito de levar alimentos e algum dinheiro na mão das pessoas necessitadas, salvaguardar as atividades essenciais e fazer com que essas atividades funcionem com muita vigilância no uso do álcool em gel, máscara.”, continuou.

Nas últimas semanas, devido à ocupação crescente nos leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), o governador emitiu decreto com a retomada de medidas mais restritivas. Segundo o governo, dos 11 hospitais particulares da capital, sete estão com 100% dos leitos de UTI ocupados. Já os hospitais públicos estão com mais de 90% de taxa de ocupação de leitos.

Os comerciantes protestaram, permitindo que o comércio reabrisse com restrição de horário. Na semana passada, as ruas do Centro de Manaus foram o epicentro da revolta popular contra as restrições impostas para barrar o avanço da pandemia de Covid-19 na cidade. Com as manifestações, o governo recuou e flexibilizou as restrições.

Para o prefeito é preciso “pensar qual é a saída financeira, a saída social para que as pessoas possam se manter em casa. “

“A perda de empregos no comércio provoca um círculo vicioso que faz com que outros empregos sejam perdidos. Isso gerou um clima de insubordinação civil e ele [governador] não suportou e já admite o funcionamento do comércio. Ele fez o que lhe pedi que fizesse – pelas redes sociais porque não tinha motivo de fazer pessoalmente – e recebeu os comerciantes e os comerciários.”, disse.

O prefeito alerta para os casos não relatados de morte por Covid-19 que provocam uma subestimação do impacto real sobre a doença.

“Fulano morreu de quê? Morreu de insuficiência renal, mas esse paciente foi internado para se tratar da Covid que ataca todo o corpo: o cérebro, o estômago, o coração. Quando a pessoa morre diz-se que morreu de ataque cardíaco, mas ele não tinha Covid. Então, os números são subestimados o tempo inteiro”, argumentou.

* Hora do Povo

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