*Lucas dos Santos – Da Redação Dia a Dia Notícia
Mesmo com o direito de ficar na cadeira até 2036, corre nos bastidores a possibilidade de o conselheiro Júlio Pinheiro antecipar sua aposentadoria do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM). Caso isso realmente ocorra, o governador Wilson Lima (União) terá o poder de indicar o próximo ocupante da vaga. Considerando o tabuleiro político de 2024 e 2026, o nome do vice-governador Tadeu de Souza (Avante) tornou-se um dos grandes favoritos. A medida tem um beneficiário direto: o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (União).
Após o acordo político que colocou Cidade na presidência da Aleam até 2027, abriu-se uma via natural para o deputado assumir o governo do Amazonas por diversas vezes em caso de ausência de Wilson e Tadeu. Caso o vice-governador seja o indicado para a vaga na Corte de Contas, Roberto Cidade pode assumir o Executivo Estadual em 2026. Isso porque, como governador reeleito, Wilson Lima é candidato natural ao Senado Federal em 2026, deixando a cadeira para o vice.
Casos históricos
Naturalmente, o vice também é um candidato natural ao governo estadual. Isso pode empoderar Roberto Cidade ainda mais para a disputa em 2026. O movimento é típico da política e existem exemplos notórios na história do Amazonas. Nos últimos anos, desde a redemocratização, Gilberto Mestrinho, Amazonino Mendes, Eduardo Braga e Omar Aziz seguiram essa exata trajetória.
As únicas exceções foram Alfredo Nascimento, que saiu da Prefeitura de Manaus para o Senado, assim como Arthur Virgílio Neto; Bernardo Cabral – que foi ministro e parlamentar antes de ser senador; e Plínio Valério, Vanessa Grazziotin e Jefferson Peres, que foram parlamentares antes de assumirem cadeiras no Senado.
Os únicos a passarem longe dessa lógica foram José Melo e Henrique Oliveira, cassados pela Justiça Eleitoral em 2017.
Chance remota
Outra possibilidade que circula nos bastidores – mas que é extremamente remota – é de que o próprio Wilson Lima se torne um conselheiro do TCE. Isso seria um fato inédito na história política do estado.
Obviamente, Wilson não poderia indicar a si mesmo à Corte, mas um acordo político com a Assembleia Legislativa pode viabilizar esse fato. Há um precedente: na última indicação, a Assembleia abriu mão de sua indicação, permitindo que o governador indicasse Luís Fabian para a vaga deixada por Júlio Cabral.
O inverso pode ocorrer. Nesse caso menos provável, Wilson Lima abriria mão de sua indicação e seria levado ao TCE pela Aleam, que está praticamente toda ao seu lado.
Em todo caso, os nomes para a vaga ainda estão sendo discutidos e só deverão tornar-se possíveis quando – e se – Júlio Pinheiro anunciar sua aposentadoria.