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‘Pode acontecer daqui a três meses ou mais. É imprevisível’, diz epidemiologista sobre a 3ª onda em Manaus

Para o epidemiologista, os números altos de incidência da SRAG não refletem uma possível terceira onda da Covid-19 em Manaus, mas indicam que a cidade ainda está presa na segunda onda.

*Gabriela Brasil – Da Redação do Dia a Dia Notícia

Enquanto o restante do país enfrenta atualmente um colapso do sistema de saúde com o aumento de internações causadas pelo novo coronavírus e intensificadas com a circulação da nova variante P1, em Manaus, após a crise sanitária que ocorreu em janeiro, houve uma queda no número de internações e mortes por Covid-19 ao longo dos últimos meses. Porém, as incertezas sobre o controle da epidemia ainda permanecem constantes, como também, a possibilidade da retomada da segunda onda e o surgimento de uma terceira na capital amazonense e no restante dos municípios do estado.

Os acontecimentos e as tomadas de decisões em relação à epidemia em Manaus incidem de forma direta ou indireta no interior do Amazonas, como esclarece o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia.

“O primeiro ponto que temos que começar a lembrar é a responsabilidade que nós temos de administrar sim a epidemia em Manaus porque ela é o espelho de todos os 62 municípios do Amazonas. Então, quando as coisas dão errado em Manaus, fatalmente vão dar errado nos municípios em maior ou menor grau”, diz Orellana.

Estabilização de incidências da SRAG em níveis altos

Assim, observando o andamento epidemiológico da Covid-19, o pesquisador alerta para uma situação não favorável na cidade.

“Nós estamos desde a semana epidemiológica 8, que é o período entre os dias 21 e 27 de fevereiro de 2021, observando dois comportamentos na curva de incidência da síndrome respiratória aguda grave (SRAG)”, destacando que esse momento coincide com o início das flexibilizações no estado.

“O primeiro comportamento é a desaceleração da queda de incidências, e o segundo é a estabilização da incidência da síndrome respiratória aguda grave em patamares altos. O que aconteceu a partir da semana epidemiológica 8? Nós tivemos uma redução na velocidade da queda da incidência”, afirma Orellana.

Em termos de controle epidemiológico, isso significa uma abertura para o vírus circular em patamares elevados e ameaçadores.

Os dados indicados pela equipe do InfoGripe, comandada pela Fiocruz do Rio de Janeiro, em parceria com o Ministério da Saúde, mostram que Manaus pode estar entrando na chamada “estabilização da incidência de síndrome respiratórias aguda grave”.

Conforme o pesquisador Jesem Orellana, a análise e o monitoramento a partir das incidências da SRAG “é o melhor indicador que nós temos para a Covid-19, já que não tem testagem em massa em Manaus e no estado do Amazonas indicando patamares muito altos dessa estabilização”.

Orellana chama a atenção para o fato de que os dados de incidência de hoje “estão próximos aos números de incidência do primeiro pico da segunda onda de covid-19 em Manaus. Esse primeiro pico aconteceu no final de setembro de 2020, na semana epidemiológica 40”.

Foi durante esse período que o ex-prefeito Arthur Virgílio Neto acatou as sugestões dos cientistas e pesquisadores, decretando o fechamento da praia Ponta Negra, como também, aumentou o atendimento das Unidades Básicas de Saúdes (UBSs) com o intuito de minimizar o surgimento de novos casos de Covid-19 na cidade. Neste mês de setembro 2020, o Governo do Amazonas abriu mais leitos de UTI e leitos clínicos do Hospital Delphina Aziz.

 

Fonte: InfoGripe

Retomada da segunda onda e a possibilidade da terceira onda

O cenário posto em Manaus reflete grandes desafios. Além dessa estabilização em níveis altos de incidências da SRAG, as UTIs ainda permanecem sobrecarregadas. Há também a variante P1 em circulação, intensificando a aceleração de casos de Covid-19 no restante do país.

“Estamos em um momento de muita incerteza. Pode ser que nas próximas semanas esse cenário de estabilização da incidência da síndrome respiratória aguda permaneça, caia ou aumente. Nós não sabemos”, diz Orellana.

Para o epidemiologista, os números altos de incidência da SRAG não refletem uma possível terceira onda da Covid-19 em Manaus, mas indicam que a cidade ainda está presa na segunda onda.

“Para você considerar uma terceira onda você tem que sair da segunda onda. Tem que ter os níveis de incidência muito baixos na segunda onda de forma que você diga “agora esses níveis caíram o bastante e se estabilizaram por pelo menos três ou quatro semanas seguidas com níveis baixos”. Daí, você vai ter a possibilidade de, eventualmente,  falar de terceira onda”, afirma Orellana.

Nesta conjuntura, segundo Jesem Orellana, é possível ter nas próximas semanas uma retomada do crescimento ou recrudescimento da segunda onda, que seria pior que a terceira onda.

“Seria pior porque você não conseguiu diminuir, a níveis aceitáveis, a incidência da doença da epidemia em Manaus. É como se você estivesse tratando de uma doença e sentisse sinais de melhora e por isso você diz “não quero mais tomar meu remédio para tuberculose, não quero mais tomar meu remédio para a malária, pois estou com uma sensação de bem-estar e eu acho que estou curado”. Em alguns dias e algumas semanas a doença volta e você vive o que nós chamamos de recaída. Enfrentamos neste momento em Manaus uma possível retomada ou uma possível recaída da segunda onda da covid-19. Isso anula a terceira onda? não. Pode ser que tenhamos uma terceira onda, mas não agora, talvez uns 2, 3 4 ou 5 meses… É imprevisível”, conclui.

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