O ano de 2024 vai terminando e muitas empresas já concluíram o planejamento em ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança) para 2025 – um ano que promete ser promissor no Brasil, com grande impulso da COP a ser realizada em Belém, no Pará.
Com muitas empresas na corrida para se adequarem ao que o mercado preconiza, há também quem não saiba por onde começar. Neste sentido, o melhor caminho é ler e buscar consultorias orientativas.
Um norte para dar início é a observância aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, com suas 169 metas. Analise como sua empresa pode se encaixar, que projetos ambientais ou sociais pode realizar ou reformular para impactar positivamente. Desta avaliação podem resultar as suas ações e objetivos.
Avaliar a saúde financeira da empresa é um outro passo fundamental. Aliás, o mais importante. Até porque é necessário ter ciência de que ESG não é moda e exige um planejamento a curto e, principalmente, médio e longo prazo. ESG exige investimento com a contratação de pessoas, ferramentas, etc.
É necessário definir estratégias e planos para cada um dos objetivos pensados. Pense ainda que todas as metas e estratégias devem estar condicionadas às questões financeiras e humanas da sua empresa. A implementação dessas ações deve ter viabilidade econômica, responsabilidade com todos os atores envolvidos e transparência para dentro e para fora.
Dentro porque não há como solicitar e exigir de seus colaboradores uma nova postura e engajamento em uma nova cultura organizacional, se não há transparência no processo. Lembre-se ainda que este é um trabalho que deve envolver todos os seus colaboradores e não apenas as lideranças.
Outra etapa será o diálogo com os fornecedores para prepará-los às necessárias mudanças que virão, pois nada adianta você dizer que sua empresa executa ações ESG se seus fornecedores pagam mal pela mão de obra, oferecem um ambiente de trabalho insalubre ou não desenvolvem ações que possam contribuir positivamente para as questões climáticas.
A partir da definição de suas ações, pense nos indicadores ESG. São justamente as métricas utilizadas para avaliar o desempenho da empresa nos aspectos Ambientais, Sociais e de Governança.
Para se ter uma ideia do que pode ser trabalhado, no aspecto ambiental os indicadores ESG ajudam a medir o impacto de uma empresa no meio ambiente, incluindo seu uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa, além da gestão de resíduos.
Já os indicadores sociais focam na maneira com que a empresa se relaciona com seus públicos, seus stakeholders, principalmente funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades onde suas empresas estão instaladas ou têm operação direta e indiretamente. Aqui pode-se pontuar como exemplo desse relacionamento o cumprimento de direitos trabalhistas e o exercício de práticas justas de trabalho, o olhar que se dá à comunidade ao seu redor, o que pode incluir ainda familiares de seus colaboradores, ações relacionadas aos direitos humanos.
E, por fim, os indicadores de governança envolvem mecanismos de transparência da empresa com seus públicos, controles internos, direitos dos acionistas, etc.
A vantagem de se trabalhar com indicadores em ESG são muitas. Entre elas, a melhoria da imagem e reputação da empresa, se as práticas ESG forem realmente seguidas. Pode-se elencar ainda a melhoria das operações e estratégias, sustentabilidade financeira, acesso a linhas de crédito específicas para quem pratica ESG e acesso a novas oportunidades de negócios.
E como medir as práticas ESG?
Na ausência de um padrão global único, as empresas vêm utilizando diferentes metodologias e relatórios, fazendo uso de métodos como o GRI Standards, Indicadores ESG do WEF-IBC, padrões da SASB e Indicadores Ethos-Sebrae por exemplo. Desta forma, as empresas podem escolher o que melhor se aplica a sua realidade, adaptando os indicadores aos seus objetivos.
Importante lembrar que como o ESG é um processo, pode-se trabalhar gradualmente as ações e metas que mais fazem sentido para o início do trabalho e, com o tempo, ir avançando nas ações e metas.
Importante é começar e ter total cuidado com os resultados de suas ações. Não adianta também começar e sair divulgando dados unilaterais que confrontem e mascarem outras realidades que distorcem do que preconiza o ESG. Desta forma a empresa será apontada como praticante de greenwashing, socialwashing e outros termos que apontam máscaras e mentiras nas práticas ESG.
Propósito, zelo, cautela, responsabilidade e compromisso são a chave para uma cultura ESG de sucesso.
Pense ESG e se prepare para um 2025 diferente.
Por Elendrea Cavalcante
Jornalista, com especialização em ESG e Sustentabilidade Corporativa e também em Comunicação Empresarial e Marketing. Possui mais de 20 anos de atuação no mercado de Comunicação, com ampla experiência em jornais, agências e setor público. Foi subsecretária de Comunicação do município de Manaus, onde também atuou em outros cargos de gestão. As experiências acumuladas no serviço público e no campo corporativo levaram-lhe à paixão pelo ESG, associando-o à Comunicação