*Da Redação do Dia a Dia Notícia
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (5), a operação ‘DAKOVO’ contra um grupo suspeito de entregar 43 mil armas para os chefes das maiores facções do país — Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho —, movimentando R$ 1,2 bilhão.
São cumpridos 25 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 52 mandados de busca e apreensão em três países: Brasil, Estados Unidos e Paraguai — onde está o principal alvo da operação, Diego Hernan Dirísio, que ainda não foi encontrado.
Dirísio é considerado pela PF o maior contrabandista de armas da América do Sul.
No início da manhã desta terça-feira, cinco envolvidos no crime foram presos no Brasil e onze no Paraguai.
A Justiça da Bahia, que conduz a operação, determinou que os alvos de prisão que estiverem no exterior sejam incluídos na lista vermelha da Interpol e que, se forem presos, sejam extraditados para o Brasil.
A investigação começou em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas no interior da Bahia. As armas estavam com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter as informações e avançar na investigação.
Três anos mais tarde, a cooperação internacional que resultou na operação desta terça indica que um homem argentino, dono de uma empresa chamada IAS, com sede no Paraguai, comprava pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de fabricantes de países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.
Segundo a PF, de novembro de 2019 a maio de 2022, a empresa de Dirísio importou 7.720 pistolas de uma fabricante na Croácia, bem como a compra e venda de 2.056 fuzis produzidos na República Techa e mais cinco mil rifles, pistolas e revólveres produzidos na Turquia. 1.200 pistolas também foram importadas de uma fábrica na Eslovênia — um total de 16.669 armas.
Após a compra, as armas eram vendidas para facções brasileiras, em especial de São Paulo e do Rio de Janeiro. O esquema envolvia também doleiros e empresas de fachada no Paraguai e nos EUA.
Investigados
A investigação internacional apontou a suspeita de envolvimento do general Arturo Javier González Ocampo, que até pouco tempo atrás ocupava o cargo de de Chefe do Estado Maior General da Força Aérea do Paraguai.
Funcionárias da empresa IAS, de Diego Dirísio, foram flagradas em conversas interceptadas, com autorização judicial, pedindo ao general Arturo Gonzales Ocampo para interceder na DIMABEL, órgão militar de controle de armas.
O objetivo é colocar pessoas na DIMABEL da confiança do esquema de tráfico de armas. A polícia paraguaia prendeu o general hoje. E fez busca e apreensão na casa dele.
As investigações indicam também que havia corrupção e tráfico de influência na Direccion de Material Belico (DIMABEL), órgão paraguaio responsável por controlar, fiscalizar e liberar o uso de armas, facilitando o funcionamento do esquema.
Complemento
54 Mandados de Busca e Apreensão (MBA) expedidos:
• 17 MBA no Brasil
• 21 MBA no Paraguai
• 16 MBA não cumpridos por serem em locais conflagrados, com efeito colateral incontrolável
25 Mandados de Prisão Preventiva (MPP) expedidos:
• 8 MPP no Brasil – 5 cumpridos
• 15 MPP no Paraguai – 12 cumpridos
• 2 MPP nos EUA não cumpridos – não houve tempo hábil para expedição dos mandados de prisão, de acordo com a lei daquele país
6 Mandados de Prisão Temporária (MPT) expedidos:
• 1 MPT no Brasil – cumprido
• 5 MPT no Paraguai – 1 cumprido
21 difusões vermelhas na Interpol
Bloqueio de Bens:
• Determinação de bloqueio de 66 milhões em bens, direitos e valores no Brasil – ainda sem informação de cumprimento
• Pedido de cooperação jurídica internacional enviado ao Paraguai para bloqueio de bens, direitos e valores naquele país
Apreensões de hoje:
• Grande quantidade de dólares (ainda não contabilizados)
• Centenas de armas (fuzis e pistolas), na sede da empresa que enviava as mesmas ilegalmente ao Brasil
Observação:
• Encontrado o local utilizado para fazer a raspagem das armas, a fim de dificultar o rastreamento das mesmas