*Da Redação Dia a Dia Notícia
As árvores gigantes da Amazônia têm papel fundamental na regulação do clima, na manutenção do regime de chuvas e na preservação da história ecológica da floresta. Entre elas, o destaque é o angelim-vermelho (Dinizia excelsa), espécie que pode ultrapassar 80 metros de altura e alcançar até 600 anos de vida. Em 2019, pesquisadores identificaram os primeiros exemplares e, em 2022, registraram em Almeirim (PA) a maior árvore do Brasil, com 88,5 metros, o equivalente a um prédio de 30 andares. Até agora, já foram catalogadas 20 árvores com mais de 70 metros entre o Pará e o Amapá.
De acordo com o Diego Armando Silva, pesquisador do Instituto Federal do Amapá (IFAP), esses gigantes podem absorver até o dobro de carbono em comparação a árvores amazônicas médias. Uma única árvore pode concentrar cerca de 80% da biomassa de um hectare. Estimativas indicam idade média entre 400 e 500 anos.
Apesar da importância, muitas dessas árvores estão fora de áreas de conservação e sofrem pressão do desmatamento, garimpo e grilagem. No Pará, elas estavam originalmente em área de manejo florestal, onde a exploração madeireira é permitida.
Para ampliar a proteção, foi criado em setembro de 2024 o Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia (Pagam), com 560 hectares de preservação integral. A medida busca proteger a maior árvore do Brasil e outras descobertas futuras.
Ângela Kuczach, diretora da Rede Pró-Unidades de Conservação, alerta que a proteção ainda é insuficiente:
“Podemos ter árvores gigantes ainda não descobertas que já estão ameaçadas, por estarem fora de unidades de conservação”.
O governo do Pará iniciou a formação do conselho gestor do Pagam, que será responsável pelo plano de manejo e pela definição de atividades de pesquisa e visitação. Para Silva, a prioridade é avançar no monitoramento científico:
“Precisamos de estrutura mínima para receber pesquisadores e garantir estudos que ajudem a compreender melhor o papel dessas árvores no clima global”.
Enquanto isso, organizações ambientais seguem pressionando para que os gigantes da Amazônia recebam maior reconhecimento e proteção, fundamentais no combate às mudanças climáticas.
