Testes em laboratório demonstraram que o composto químico nitroestireno, droga sintetizada, apresentou atividade antitumoral tanto em linhagens de células de melanoma maligno cutâneo (câncer de pele), cultivadas em laboratório, quanto em modelos experimentais. A substância foi capaz de matar células cancerígenas da pele e reduzir, em média, 45% do volume de células tumorais em animais, num período de 13 dias consecutivos de tratamento.
No estudo, por método experimental, os pesquisadores avaliaram a citotoxicidade da droga sobre as células de melanoma, o mecanismo pelo qual o composto provoca a morte celular e a capacidade dele para matar tumores de melanoma induzidos em animais de laboratório.
O projeto “Avaliação da eficácia in vitro e in vivo de ativos em células de melanoma” levou quatro anos para ser concluído e foi concebido no laboratório Biophar, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com os laboratórios do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, amparado pelo Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH-Doutorado – Fluxo Contínuo) da Fapeam, edital Nº004 /2013.
A pesquisa foi desenvolvida por Gleyce Jobim no âmbito do doutorado. Ela explica que o composto pode ter potencial para ser desenvolvido como agente quimioterápico, sendo necessários mais estudos não clínicos e consequentemente, caso a droga passe com sucesso dessa etapa, de estudos clínicos, que confirmarão sua utilidade na terapia antitumoral, sobretudo, para tratar o melanoma.
“O nitroestireno se mostrou altamente efetivo no combate às células tumorais da pele e menos tóxico, quando comparado ao quimioterápico doxorrubicina, fármaco amplamente utilizado no tratamento oncológico”, disse Gleyce Jobim.
No Brasil, o tratamento preconizado para o melanoma cutâneo é o cirúrgico, que consiste na remoção da lesão na pele. Casos inoperáveis ou avançados podem ser encaminhados para radioterapia e quimioterapia sistêmica, no entanto, os pacientes sofrem com os efeitos colaterais que podem ocorrer durante a terapia.
De acordo com a pesquisadora o melanoma é um tumor agressivo com opções limitadas de arsenal terapêutico, alta mortalidade e com aumento persistente da incidência nos últimos 30 anos, sobretudo entre pessoas jovens. Por isso, se justificam os esforços para a descoberta de alternativas de diagnóstico e tratamento para a doença.
Patente
Os resultados da pesquisa geraram depósito de uma patente denominada “Composição antitumoral compreendendo o composto 4′-cloro-1-nitro-2-fenileteno, seus derivados e método.” Número do registro: BR10201701523. Instituição de registro: INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Depósito PCT: 14/07/2017
Metodologia
Para avaliar, in vitro, o potencial antineoplásico e o mecanismo de ação do nitroestireno sintético, foram feitas análises em linhagens celulares de melanoma humano adquiridas do banco de células American Type Culture Collection (ATCC). Em seguida, as células foram tratadas com concentrações seriadas do composto químico. De acordo com os resultados experimentais, o mecanismo de morte celular acionado pelo composto foi o de apoptose, ou seja, uma forma de morte celular programada.
Para a avaliação da toxicidade, in vivo, os camundongos foram divididos em cinco grupos com 10 animais: não tratados; controle positivo (tratados com doxorrubicina); e 3 grupos tratados com diferentes doses do nitroestireno que revelou efetiva ação promovendo inibição do crescimento tumoral nas condições testadas.