Com a ampliação da vacinação contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) para os trabalhadores da saúde que atuam nas fundações, a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) começou a coletar, desde a semana passada, amostras de sangue dos próprios funcionários. A ação marca a primeira etapa do projeto de pesquisa intitulado “Análise da Resposta Imune e Eficácia da Vacina Contra a Covid-19 em profissionais da saúde da Fundação Hemoam”.
Ao todo, 400 trabalhadores da instituição devem participar voluntariamente do estudo que irá avaliar o comportamento dos anticorpos em amostras de sangue coletadas antes da vacinação ou até cinco dias após a vacinação. A avaliação terá continuidade em outras quatro etapas de coleta: após um mês, três meses, seis meses e 12 meses da aplicação da segunda dose da vacina.
“Vamos realizar coletas periódicas de sangue dessas 400 pessoas com o intuito de estudar a ação do imunizante em diferentes indivíduos: quanto tempo leva para ele ativar as defesas contra o vírus, quanto tempo mantém essas defesas ativas e a memória imunológica para a produção natural de anticorpos”, explicou a doutora em Imunologia e pesquisadora do Hemoam, Adriana Malheiro.
De acordo com a pesquisadora, em meados de abril já será possível obter os resultados preliminares do imunizante.
“Após cada coleta de amostras (abril, julho, outubro de 2021 e abril de 2022) vamos poder analisar preliminarmente o comportamento atual dos anticorpos contra o Sars-CoV-2”, disse.
A imunologista, que também é professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), acrescentou que o estudo permitirá também testar se a vacina disponível nessa primeira etapa é eficiente contra a variante do vírus.
As amostras de sangue dos servidores serão processadas na infraestrutura de análises clínicas e de biologia molecular da própria Fundação Hemoam. Cada amostra será submetida a vários testes, tais como dosagem de anticorpo, citometria de fluxo (para análise de memória e teste de anticorpo neutralizante) e teste de eficácia celular.
“Essa é uma pesquisa de grande importância e contribuição para nosso estado e quiçá para o mundo, uma vez que poderá pautar as instituições de pesquisa, além dos próprios governos estadual e federal, sobre o comportamento não apenas da vacina, mas também do vírus, que ainda é uma novidade para o mundo”, avaliou a diretora-presidente do Hemoam, Socorro Sampaio.
O estudo tem anuência do Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Hemoam (CEP-Hemoam), e conta com a participação de cinco pesquisadores da Fundação, além da pesquisadora Simone Gonçalves da Fonseca, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da imunologista responsável pelo sequenciamento genético do novo coronavírus, Ester Sabino, da Universidade de São Paulo (USP).
Os pesquisadores do Hemoam envolvidos no estudo são: Adriana Malheiro Alle Marie (coordenadora), Andréa Monteiro Tarragô (copesquisadora principal) Nelson Fraiji (coinvestigador), Socorro Sampaio (coinvestigadora), Myuki Alfaia Esashika Crispim (coinvestigadora). Sônia Rejane de Sena Frantz (coinvestigadora), Maria de Nazaré Saunier Barbosa (coinvestigadora), Claudia Abrahim e Allysson Guimarães.