*Da Redação do Dia a Dia Notícia
O Brasil assumiu a dianteira mundial na produção de conhecimento sobre a Amazônia, com destaque para o protagonismo de pesquisadores e programas de pós-graduação sediados na própria região. É o que revela o livro Impacto da Pós-Graduação Brasileira na Agenda 2030: Contribuição do Sistema Nacional de Pós-Graduação para a COP 30 na Amazônia, lançado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
De acordo com o estudo, 48% dos artigos científicos sobre a Amazônia publicados em 2024 têm autoria brasileira, um salto expressivo em relação às décadas anteriores. Em 1994, apenas 15% das pesquisas sobre o bioma eram assinadas por brasileiros, enquanto os Estados Unidos respondiam por 27% e o Reino Unido por 7,4%. Hoje, os EUA aparecem com 20% e a China com 7,8% das publicações.
Para os autores, o avanço reflete décadas de investimento na formação científica nacional e na expansão da pós-graduação na região Norte, impulsionada por políticas públicas voltadas à redução das desigualdades regionais. “O protagonismo recente das instituições amazônicas na pesquisa sobre a Amazônia é resultado direto da expansão da pós-graduação na região Norte, fundamental para fortalecer a soberania científica do País”, afirmou Antonio Gomes Souza Filho, diretor de Avaliação da CAPES.
Entre as instituições que mais publicam sobre o tema, a Universidade Federal do Pará (UFPA) lidera o ranking com 531 trabalhos, seguida da Universidade de São Paulo (505), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (340) e da Universidade Federal do Amazonas (292). Duas entidades estrangeiras também figuram entre as dez mais: o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França, com 213 publicações, e a Academia Chinesa de Ciências, com 176.
O levantamento mostra ainda que a Amazônia Legal conta com 432 programas de pós-graduação stricto sensu, número que cresceu 61% em dez anos, reunindo 10 mil professores e 35 mil alunos. Essa estrutura acadêmica, segundo os pesquisadores, tem permitido o desenvolvimento de estudos voltados à melhoria da qualidade de vida, proteção ambiental e valorização dos povos indígenas e tradicionais.
Com 248 páginas e oito capítulos, o livro reúne contribuições de especialistas de diferentes áreas e será apresentado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém (PA)entre 10 e 21 de novembro, reforçando o papel do conhecimento científico brasileiro na busca por soluções sustentáveis para o futuro da Amazônia.
