*Da Redação do Dia a Dia Notícia
Uma pesquisa conduzida pelo Instituto do Coração (Incor), em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), revelou dados alarmantes sobre os riscos associados ao uso de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes. O estudo aponta que o consumo desses dispositivos pode expor o organismo a uma quantidade de nicotina equivalente a 120 cigarros tradicionais, levantando preocupações significativas sobre a saúde dos usuários.
O levantamento avaliou os níveis de nicotina na corrente sanguínea de 417 usuários de vapes que frequentavam espaços públicos e de entretenimento na cidade de São Paulo. A pesquisa buscou entender o impacto do uso prolongado desses dispositivos em comparação com o consumo de cigarros convencionais.
Os resultados indicaram que a maioria dos participantes já havia tentado parar de usar o cigarro eletrônico, mas enfrentou dificuldades devido ao alto potencial viciante da nicotina. Outro dado relevante é que muitos usuários relataram nunca terem fumado cigarros tradicionais antes de aderirem aos vapes, demonstrando que esses dispositivos têm atraído novos consumidores, especialmente jovens.
Um dos casos mais preocupantes analisados foi o de um usuário de vape há pouco mais de um ano, que apresentou 2,4 mil nanogramas (µg) de nicotina por mililitro (ml) de sangue. Esse valor é seis vezes superior ao encontrado em fumantes de 20 cigarros diários por mais de 20 anos, cuja média gira em torno de 396 µg/ml.
Esse nível extremo de nicotina equivale ao consumo de 120 cigarros em termos de impacto no organismo. A nicotina, uma substância altamente viciante, atua diretamente no sistema cardiovascular, acelerando os batimentos cardíacos e aumentando significativamente o risco de arritmias, hipertensão e infarto.
A pesquisa também revelou que, em usuários de vape com mais de um ano de consumo, a concentração média de nicotina no sangue foi de 400 µg/ml. Esse valor supera o nível típico encontrado em fumantes que consomem um maço de cigarros convencionais diariamente. Além disso, aproximadamente 10% dos participantes apresentaram níveis ainda superiores à média, destacando a gravidade da exposição prolongada.
Especialistas do Incor alertam que, embora os cigarros eletrônicos sejam frequentemente promovidos como uma alternativa menos nociva aos cigarros convencionais, o estudo demonstra que os riscos à saúde podem ser igualmente, ou até mais, graves. A nicotina presente nos vapes não apenas vicia, mas também compromete a função cardíaca, podendo desencadear doenças cardiovasculares precoces.
Outro ponto de preocupação é a falta de regulamentação e controle sobre a composição dos líquidos utilizados nos cigarros eletrônicos, que podem conter substâncias tóxicas adicionais além da nicotina, potencializando os riscos para o organismo.