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Pesquisa afirma que 17 milhões de brasileiras já foram ameaçadas de morte por seus parceiros

*Da Redação do Dia a Dia Notícia 

Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Consulting do Brasil e apoio do Ministério das Mulheres revela dados alarmantes sobre a violência doméstica no Brasil. O estudo, intitulado “Medo, Ameaça e Risco: Percepções e Vivências das Mulheres sobre Violência Doméstica e Feminicídio”, aponta que 18% das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por seus companheiros ou ex-companheiros. Projetando esses números para a população geral, estima-se que 17 milhões de mulheres no Brasil vivenciam esse tipo de violência. A situação é ainda mais grave quando analisada pela ótica racial: 26% das mulheres negras afirmam ter sofrido ameaças de morte, em contraste com 16% das mulheres brancas.

A pesquisa foi conduzida entre os dias 23 e 30 de outubro de 2024, com 1.353 mulheres respondendo a um questionário online. A data de divulgação, 25 de novembro, foi escolhida em homenagem ao Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, um marco importante na luta pelos direitos das mulheres em todo o mundo.

A pesquisa revela dados preocupantes sobre a violência enfrentada pelas mulheres, especialmente em relação às ameaças de morte. Segundo o levantamento, 18% das mulheres afirmam que já foram ameaçadas de morte por algum parceiro ou ex-parceiro, e 3% delas sofreram ameaças de mais de um parceiro. O estudo também expõe uma disparidade racial significativa: enquanto 16% das mulheres brancas relataram ter sido ameaçadas, o índice sobe para 26% entre as mulheres negras.

Outro dado alarmante é que, de acordo com a pesquisa, 44% das mulheres disseram ter sentido muito medo de serem mortas quando passaram por essas ameaças. Embora uma parte delas tenha tomado uma atitude e denunciado à polícia (37%), a pesquisa mostra que a maioria das mulheres ainda enfrenta dificuldades para buscar proteção legal.

Uma das questões mais complexas abordadas pela pesquisa é o motivo que leva muitas mulheres a permanecerem em relações violentas. De acordo com os dados, 64% das mulheres afirmaram que a principal razão para não terminar a relação é a dependência econômica em relação ao agressor. Além disso, 61% acreditam que o parceiro pode mudar, e 58% permanecem no relacionamento devido ao medo de serem mortas caso decidam terminar.

Esse cenário revela a complexidade do problema da violência doméstica, que não está apenas relacionada a questões emocionais, mas também a condições socioeconômicas que limitam as opções das mulheres. O medo de ser assassinada é uma realidade para muitas, o que as torna ainda mais vulneráveis em relações abusivas.

A pesquisa também fez um levantamento sobre a percepção das mulheres em relação ao feminicídio, e os resultados são preocupantes. Cerca de 89% das entrevistadas acreditam que o feminicídio íntimo, que ocorre dentro do contexto de violência doméstica, está diretamente relacionado a ciúmes e possessividade dos parceiros, que se veem como donos das mulheres. Além disso, 44% apontam a cultura machista como um fator que contribui para o feminicídio, o que reforça a ideia de que a violência contra a mulher é, muitas vezes, normalizada em diversas esferas da sociedade.

Um dado alarmante revelado pela pesquisa é que 44,5% das mulheres acreditam que, em qualquer momento do processo – seja ao contar para a família e amigos sobre a violência, ao decidir terminar a relação ou ao denunciar à polícia e pedir uma medida protetiva – a mulher corre maior risco de ser morta pelo parceiro ou ex-parceiro.

Outro aspecto destacado pela pesquisa é a sensação de impunidade e o descrédito sobre a efetividade das leis e políticas públicas relacionadas à violência doméstica. Aproximadamente duas em cada três mulheres acreditam que nada acontece com os homens que cometem violência doméstica, e apenas 20% das entrevistadas acreditam que esses agressores são efetivamente presos. A falta de confiança nas instituições e na justiça é um reflexo da ineficiência do sistema em proteger as mulheres e garantir que os agressores enfrentem as consequências de seus atos.

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