*Da Redação – Dia a Dia Notícia
O pau-rosa é uma das espécies com maior potencial econômico atualmente na Amazônia. A árvore produz um óleo que é utilizado como essência na formulação de vários perfumes na Europa e Estados Unidos.
O óleo de pau-rosa entrava na receita de um famoso perfume francês, o Chanel nº 5, utilizado por celebridades como Marilyn Monroe. A atriz chegou a dizer que na hora de dormir não usava roupa nenhuma, apenas algumas gotinhas do perfume.
Ao longo do século 20, a espécie foi muito explorada para produção de um óleo aromático, elaborado com a madeira triturada. O auge da atividade foi nos anos 60. Na época, os principais compradores da essência eram empresas estrangeiras de perfumes finos.
Desde 1992, o pau-rosa faz parte da lista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de plantas em perigo de extinção.
Nesse período, um grupo de ecologistas franceses iniciou uma campanha contra os produtos da Chanel. Para conter os ânimos dos ambientalistas, a empresa contratou a ONG Pro-Natura para desenvolver programas sustentáveis de manejo do pau-rosa na Amazônia. O professor Lauro Soares Barata foi o responsável pela pesquisa.
Barata foi convidado pela ONG Pro-Natura para desenvolver um projeto de extração do óleo essencial de pau-rosa a partir de folhas e galhos finos, obtendo rendimento e qualidade semelhantes aos obtidos da madeira. Ele conta que até hoje possui a pesquisa em casa.
Norteada pelo conhecimento em química, sua atividade atual se volta para formar conexões entre a população da Amazônia e a indústria, em busca de transformar em resultados econômicos a riqueza da floresta.
Ele é químico de produtos naturais, doutor, professor aposentado do Instituto de Química da Unicamp e é um dos grandes incentivadores do projeto da destilaria Kaapi Fragrâncias, recém-inaugurada no Amazonas, nas proximidades de Itacoatiara.
“É um projeto brilhante, um projeto fundamental. A árvore pau-rosa é a árvore símbolo da Amazônia, assim como o pau-brasil que foi o símbolo do Brasil, que foi extinto, e o pau-rosa estava em via de ser extinto, agora ele tem plantação de pau-rosa de onde ele pode extrair o óleo então isso para mim é uma satisfação, para o brasileiro e para a Amazônia, para o manauara e para todos nós da Amazônia”, afirmou.
Atualmente, o professor Barata vive em Autazes, interior do Amazonas, e em Alter do Chão, no Pará, onde continua sua trajetória de sucesso, agora como professor visitante na Ufopa, uma nova universidade dedicada à ciência e tecnologia no seio da Amazônia. Continua pesquisando o pau-rosa com colegas do Inpa para agora desvendar o DNA das plantas supostamente ditas “pau-rosa”, já que a identificação botânica destas, por ser complicada, limita sua exploração comercial.
Lauro foi ganhador da medalha de mérito Ifeat 2018, a poderosa federação internacional da indústria de perfumistas e produtores de aromas e óleos essenciais. A medalha foi concedida por sua trajetória profissional como pesquisador dedicado à ciência e à tecnologia dos cheiros e aromas, dos óleos essenciais das plantas da Amazônia, e especialmente do pau-rosa e da priprioca.
De todas as espécies da Amazônia, a mais estudada pela equipe do professor Lauro Barata é o pau-rosa. A árvore é nativa das áreas de mata fechada e quando adulta pode chegar a 30 metros de altura. Com nome científico Aniba rosaeodora Ducke, o pau-rosa é da família das lauráceas, parente dos louros e das canelas.
Antes, a árvore era encontrada em toda a Amazônia. Atualmente, é possível vê-la apenas nos municípios de Parintins, Maués, Presidente Figueiredo, Nova Aripuanã e Itacoatiara, no Amazonas. Já não há mais exemplares também na Guiana Francesa (onde a planta começou a ser explorada no início da década de 1920), nem nos estados do Amapá e Pará.
No método convencional, a produção do óleo é baseada na destruição total da árvore, cujo tronco é cortado, reduzido a cacos e destilado. Com a nova técnica, o óleo pode ser extraído através do manejo da copa, pois a espécie apresenta uma alta capacidade de regeneração após a realização de podas. O rendimento e a qualidade da substância são semelhantes ao obtido com a derrubada da madeira.
O óleo puro da madeira tem um tom amarelo-dourado. No início possui um aroma forte, meio cítrico, que se sobrepõe aos outros aromas. Com o passar do tempo, outros cheiros agregam-se ao primeiro, compondo uma mescla harmônica, doce e amadeirada. Já o óleo obtido das folhas é de um amarelo quase transparente, com um cheiro bastante suave, sem muitas gradações.