A patroa da mãe de um menino de 5 anos, que morreu após cair do 9º andar de um prédio em Recife, pagou a fiança de R$ 20 mil pelo crime de homicídio culposo e responde, agora, em liberdade.
Sari Gaspar Corte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, município de Pernambuco, foi autuada por ter agido com negligência, enquanto a trabalhadora doméstica Mirtes Renata, mãe de Miguel Otávio Santana da Silva, passeava com os cachorros da patroa.
Na terça-feira (03), o menino de 5 anos passava o dia com a mãe, que trabalhava para Sari no 5º andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau. Segundo a perícia, Miguel morreu após cair do nono andar e tudo aponta para um acidente.
O delegado Ramón Teixeira afirmou que a moradora teve participação no caso. De acordo com ele, a dona do apartamento e patroa da mãe de Miguel “era a responsável legal pela guarda momentânea dele”.
Ainda segundo o delegado, é um caso típico previsto no Artigo 13 do Código Penal, que trata de ação culposa, por causa do não cumprimento da obrigação de cuidado, vigilância ou proteção.
“Ela tinha o dever de cuidar da criança. Houve comportamento negligente, por omissão, de deixar a criança sozinha no elevador”, explicou.
O delegado informou que câmeras do circuito interno de segurança do condomínio mostram o momento em que a mulher permite que Miguel entre sozinho no elevador. “Ela ainda aperta em um dos botões no alto no painel do equipamento, em um andar superior ao do apartamento onde residia”, afirmou.
“A moradora estava com a criança em casa, enquanto a mãe do menino passeava com o cachorro. A criança tentou ir atrás da mãe, uma vez, mas não conseguiu entrar no elevador. Na segunda vez, ele entrou no equipamento e se perdeu no prédio”, afirmou o delegado.
Desabafo
Mãe de Miguel desabafou para a imprensa. “Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na televisão. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado”, disse Mirtes à Globo.
“Ela confiava os filhos dela a mim e a minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar [do elevador]. Eu sei, eu não nego para ninguém: meu filho era uma criança um pouco teimosa, queria ser dono de si e tudo mais. Mas assim, é criança. Era criança”, disse a mãe.