*Da Redação do Dia a Dia Notícia
Por unanimidade, conselheiras e dos conselheiros do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovaram o reconhecimento do “Ofício, Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais do Brasil” como Patrimônio Cultural do Brasil. A aprovação ocorreu durante a 104ª Reunião do Conselho Consultivo do órgão, que ocorreu em 9 de maio. O bem será inscrito no Livro de Registro dos Saberes.
“É uma mensagem do conselho de que política patrimonial também diz respeito à saúde, ao cuidado e ao bem-estar. Os saberes do nascer e cuidar da saúde também fazem parte da nossa memória e precisam ser valorizados”, avalia Elaine Müller, antropóloga e integrante da equipe do Museu da Parteira, em conversa com o Catarinas.
Em dossiê produzido por pesquisadores do Iphan e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2021, para instrução do processo de registro, as parteiras tradicionais são descritas como “mestras do ofício do partejar, detentoras de um repertório de saberes e práticas acerca de todas as etapas da gestação (pré-natal, parto e pós-parto)”.
“A sociedade desvaloriza os saberes tradicionais, outras formas de cuidar, de perceber o corpo, parto e a medicina. A decisão do Iphan é uma reparação histórica e um reconhecimento para as parteiras e, talvez, uma forma de acessar políticas públicas”, descreve Júlia Morim, antropóloga e integrante da equipe do Museu da Parteira, ao Catarinas.
O Iphan irá escrever o novo patrimônio no Livro de Registro dos Saberes, ao lado de outros bens culturais imateriais já patrimonializados, como o Ofício das Baianas de Acarajé, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal e o Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira.
Para a antropóloga, o reconhecimento dos saberes das parteiras como Patrimônio Cultural pode impulsionar a aceitação de novos saberes que vão além do senso comum do que seria a cultura popular. “Abre para debate outros processos que estão correndo, como das benzedeiras e da Ayahuasca”, exemplifica.