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Papa Francisco no filme “Francesco” afirma que casais LGBTs têm direito à união civil 

Em filme lançado nesta quarta-feira (21), em Roma, o papa Francisco disse que casais homoafetivos devem ser protegidos por leis de união civil. A fala foi a declaração mais forte já dada por um pontífice em defesa dos direitos LGBT, segundo o jornal americano The New York Times.

“Pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família. Elas são filhas de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deveria ser descartado [dela] ou ser transformado em miserável por conta disso. O que temos de criar é uma lei de união civil. Assim, ficam legalmente protegidos. Posiciono-me por isso”, disse o papa no documentário “Francesco”.

“Francesco”, dirigido pelo americano Evgeny Afineevsky, indicado ao Oscar em 2016 pelo documentário “Winter on Fire”, sobre a crise na Ucrânia em 2013, foi exibido pela primeira vez no Festival de Roma.

Na obra, o diretor conta a história dos sete anos de Francisco à frente da Igreja, acompanhando o religioso em viagens que fez antes da pandemia de Covid-19 e abordando desde os escândalos sexuais que mergulharam a instituição em crise até características importantes do papa, como a defesa do meio ambiente e dos imigrantes e o discurso contra a pobreza e a desigualdade.

O papa aborda o direito dos LGBTs num trecho do filme que apresenta a história de Andrea Rubera, homem gay que adotou três crianças com seu parceiro. Rubera diz que foi a uma missa celebrada por Francisco e deu a ele uma carta. Nela, explica que gostaria de ir com o companheiro e os filhos às missas em sua paróquia, mas temia que as crianças ficassem traumatizadas caso fossem hostilizadas.

O documentário não deixa claro o país em que Rubera vive. O homem conta que o papa, alguns dias após ter recebido a carta, telefonou para contar que ficou tocado pela mensagem. Francisco estimulou o casal a levar os filhos à igreja, mas também pediu que estivessem prontos para sofrer críticas.

Rubera e o companheiro seguiram o conselho e, dizem, ficaram felizes ao passar a frequentar a paróquia.

Quando era arcebispo de Buenos Aires, o papa foi contra a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas defendeu algum tipo de proteção legal a casais gays.

A Igreja Católica autoriza o casamento apenas entre um homem e uma mulher e historicamente se opõe a outras formas de união. Os ensinamentos católicos consideram atos sexuais entre pessoas de mesmo gênero um pecado, embora indiquem que pessoas LGBTs devem ser tratadas com dignidade.

Francisco, que lidera a Igreja desde 2013, adotou postura mais aberta no tema, mas não mudou dogmas da instituição. Disse que jamais poderia julgar um gay, sinalizou que os católicos devem acolher crianças de casais do mesmo sexo e já recebeu transexuais e defensores do aborto em audiências.

Alas conservadoras consideram as atitudes uma heresia. Em 2019, um grupo de 81 ultratradicionalistas publicou carta com acusações contra Francisco, com o objetivo de forçar sua saída do cargo.

A maioria das queixas se refere a um dos eventos mais polêmicos do pontificado de Francisco: o sínodo da família, realizado entre 2014 e 2015 para discutir mudanças na relação da Igreja, especialmente com divorciados e gays, abertura nunca digerida pela ala conservadora.

Esse grupo classifica Francisco como um papa que não vê “a atividade homossexual como gravemente pecaminosa”, que não se opõe ao aborto e que aproximou o Vaticano de protestantes e muçulmanos.

Um dos principais opositores ao casamento gay na Igreja é o papa emérito Bento 16. Em uma biografia autorizada publicada em maio, ele comparou a prática ao “anticristo”.

“Há um século seria considerado absurdo falar sobre casamento homossexual. Hoje, quem se opõe a ele é excomungado da sociedade. Acontece a mesma coisa com aborto e criação de vida humana em laboratório”, afirma o papa emérito.

Para ele, “a sociedade moderna está formulando um credo ao anticristo que supõe a excomunhão da sociedade quando alguém se opõe”. A declaração atual do papa Francisco foi considerada um “movimento muito positivo” pelo português Antínio Guterres, secretário-geral da ONU e católico.

“O secretário-geral tem se posicionado com veemencia contra a homofobia e em favor dos direitos LGBT. Para ele, as pessoas nunca devem ser perseguidas ou discriminadas por conta de quem amam”, disse ele.

Casamento LGBTQI+

O primeiro país a permitir o casamento gay foi a Holanda, em 2001. Atualmente, 28 nações o autorizam, quase todos nas Américas e na Europa. Por outro lado, dezenas de países, especialmente na Ásia e na África, criminalizam as relações homoafetivas.

As relações homossexuais são criminalizadas em 70 países, segundo dados da Ilga (Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Trans e pessoas Intersexo), do fim de 2019. Em seis deles, como Arábia Saudita e Sudão, elas podem ser punidas com pena de morte. Em outros 26, como Mianmar e Quênia, pode haver condenação a mais de dez anos de prisão.

No Brasil, o casamento civil entre pessoas de mesmo sexo foi autorizado após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de 2011 e de uma resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de 2013.

*Folha de São Paulo

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