*Da Redação Dia a Dia Notícia
A Instituição Pessoas Desaparecidas Brasil e Holanda (PDBeH) vem ao Brasil mais uma vez para realizar a quarta edição do projeto DNA Mães do Brasil, onde serão oferecidos kits de cadastramento para Banco de Dados Internacional. O cadastramento será realizado no auditório da Secretaria do Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), nos dias 16 de janeiro, a partir das 15h e no dia 17 a partir das 9h.
Podem participar da coleta mães que deram seus filhos para adoção, que não sabem o paradeiro desta criança e que gostariam de encontrar esse(a) filho(a) mas não sabem por onde começar a procurar. Para Anna Catharina, diretora do PDBeH, esse é o meio mais eficaz de realizar encontro entre famílias.
“O cruzamento de dados genéticos é 100% confiável, preciso e entrega resultados mensalmente. É uma forma de descobrirmos parentescos sem precisar procurar in loco, onde estão essas famílias. Uma vez cadastrada, uma mãe tem a chance de encontrar quem procura, caso essa pessoa procurada também esteja inserida no Banco” disse.
Anna Catharina afirmou ainda que o projeto chegou a essa conclusão após trabalho de pesquisa, onde foi descoberto que mais da metade dos filhos adotados, que moram fora do Brasil, já são cadastrados no Banco de Dados Internacional.
“A gente percebe que há um interesse por parte dos filhos de saber algo sobre sua família biológica e é por isso que eles buscam esse cadastramento. Mas por que, então, que eles não encontram suas famílias? É simples! Uma vez que vivem na Europa, esses filhos adotados conseguem pagar para estar cadastrados, não é a realidade das mães no Brasil, então é uma espera em vão” declara a presidente.
Por esta razão que, em 2022 o PDBeH criou o projeto que oferece kits de cadastramento as mães que querem participar dessa coleta de forma gratuita. Em 2023 o PDBeH esteve nos Estados de São Paulo, Paraná e Ceará onde cadastraram aproximadamente 90 mulheres.
“Vale ressaltar que a Instituição recebe, constantemente, pedidos de ajuda, vindo de mães brasileiras, para que possamos encontrar seus filhos e esses 3 primeiros estados mencionados, são as maiores demandas”, declarou Sônia Memória, representante da ONG no Brasil.
Para a jornalista do PDBeH, Priscila Serdeira, o compromisso da ONG é realizar o sonho de mulheres que, por algum motivo foram obrigadas a dar seus filhos, de ter a oportunidade de saber como seu filho está e de se redimir pelo tempo passado.
“Ao longo das coletas, eu ouvi histórias de cortar o coração! Mulheres sem apoio para criarem seus filhos, que se sentem culpadas pelo acontecimento do passado, sonham ver, abraçar e pedir perdão. Eu pude ver em seus olhos a tristeza e o remorso acumulado há anos, acompanhado sempre de uma narrativa que explica essa doação”, lembra a jornalista.
DJ amazonense não perde a esperança de encontrar sua mãe
Alfredo Kempen é um desses filhos que desde a adolescência busca qualquer pista sobre sua família de sangue. O rapaz de 36 anos nasceu na cidade de Manaus em 1988 e naquele mesmo ano foi adotado por uma família holandesa e foi levado para a Holanda, onde viveu toda sua vida. O rapaz esteve em Manaus em 2016 na tentativa de descobrir quem era sua mãe biológica, realizou cerca de 16 exames de DNA e todos os resultados deram incompatíveis.
Cadastrado em um Banco de Dados Internacional, Kempen ainda tem esperança de localizar algum parente, algum dia: “é uma esperança que não morre! Eu já havia desistido de encontrar minha mãe após muita procura durante longos 3 anos vivendo em Manaus. Eu desisti de procurar e apostei minhas fichas no sistema internacional de cruzamento de dados, onde estou cadastrado à espera de algum parente aparecer por lá”, desabafou.
Kempen nasceu no Hospital São José, no ano de 1988 e o que se sabe é que, enquanto recém-nascido, teve a clavícula quebrada, durante o trabalho de parto. Alfredo foi entregue a uma enfermeira e passou algumas semanas morando na casa de Dona Tereza Sobreira, no conjunto Morada do Sol, Aleixo. O senhor holandês conhecido como Frei Fulgencio foi o responsável pela entrega do menino ao casal holandês.