*Lucas dos Santos – Especial para o Dia a Dia Notícia
As obras de alargamento da Avenida do Turismo, tocadas pela Prefeitura de Manaus, tem potencial para provocar morte das árvores no local. As raízes da vegetação do canteiro central foram expostas com a remoção de parte da área verde da via. Especialistas entrevistados pelo Dia a Dia Notícia avaliaram que, caso não haja um planejamento adequado, as árvores poderão ser prejudicadas e até mesmo morrerem por queda ou definhando. A obra tem custo inicial de R$ 19 milhões e é fruto de emenda do senador Eduardo Braga (MDB) à gestão da capital.
Segundo a engenheira ambiental Luiza Nascimento, a exposição das raízes pode deixar a vegetação “mais suscetível à desidratação, danos mecânicos e infecção por fungos e bactérias”, comprometendo a absorção de água e nutrientes, causando instabilidade na árvore e risco de queda.
“Provavelmente a proteção dessas árvores está prevista em projeto. Até mesmo porque uma queda comprometeria as camadas superficiais da pavimentação, gerando retrabalho, custos adicionais e risco para a segurança do trânsito local”, disse.
As imagens da forma como as árvores ficaram foram levadas ao conhecimento público pelo vereador Rodrigo Guedes (PP) na semana passada. Populares afirmaram ao parlamentar que pelo menos dois metros do canteiro verde localizado no meio da avenida foram removidos para ampliação da Avenida do Turismo, resultando na supressão de árvores e exposição de raízes.
“A prefeitura está acabando com o canteiro central e vai matar as árvores, pois o que estão fazendo está comprometendo o sistema radicular por onde é realizada a absorção de nutrientes para as árvores sobreviverem, diminuindo o tempo de vida delas. Manaus precisa de mais áreas verdes e não essa destruição desordenada”, disse o vereador.
A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) questionando se haveria algum plano para proteção das árvores na Avenida do Turismo, mas não recebeu resposta até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.
Problema relevante
O pesquisador Jefferson Almeida, mestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), avaliou que o alargamento da via e a consequente exposição das raízes das árvores “representam um problema ambiental e urbano de grande relevância”, destacando que Manaus, embora esteja localizada na Amazônia, possui desafios na arborização urbana.
“A baixa cobertura vegetal em diversas áreas da cidade já é um fator conhecido que contribui para o aumento das temperaturas e a piora da qualidade do ar, resultando no fenômeno das ilhas de calor. Este cenário é agravado por intervenções urbanísticas que desconsideram a importância da vegetação”, explicou.
Sobre a exposição das raízes das árvores, Jefferson destacou que o problema surge de um planejamento e projeto “inadequados que priorizam o fluxo veicular sem considerar a biologia arbórea”.
“Os impactos na vegetação são severos e podem levar à morte das árvores. A capacidade de absorção de água e nutrientes é comprometida, resultando em estresse hídrico e nutricional. A estabilidade da árvore é reduzida, aumentando o risco de quedas, especialmente em uma cidade com chuvas intensas como Manaus. As raízes podem sofrer asfixia devido à compactação do solo, e as árvores danificadas tornam-se mais suscetíveis a pragas e doenças”, disse.
Além dos danos ambientais, o pesquisador destacou que a exposição das raízes das árvores podem provocar um problema de segurança viária, já que elas podem causar danos ao pavimento, provocando rachaduras, buracos e desníveis que aumentam o risco de acidentes.
