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O jogo da discórdia do Big Brother Brasil 21

“BBB 21”: João Luiz se emociona ao rebater fala de Rodolffo sobre seu cabelo: “Estou cansado de ouvir isso, não é só aqui dentro, é lá fora também.”

O jogo da discórdia do Big Brother Brasil 21 reviveu a fala do sertanejo Rodolffo sobre o cabelo do professor de geografia João Luiz.

Durante a dinâmica, os participantes precisavam elencar, usando flechas, quem era o melhor e o pior jogador, além de dizer quem faz um jogo sujo no reality show. Quando chegou a vez de João Luiz, o brother disse como se sentiu ao ouvir que seu cabelo era igual ao da peruca que integrava a fantasia de pré-história no castigo do monstro.

João Luiz rebate fala polêmica de Rodolffo sobre seu cabelo. ‘Dói mais que murro, às vezes vira tão corriqueiro, mas não é algo que eu consigo me acostumar. Nunca me acostumei com isso. É algo que sempre toca na minha ferida. E nesse caso tocou. É muito específico para mim. Não é algo somente estético”, frisou. É algo do meu autoconhecimento, da minha auto aceitação, é de eu descobrir que isso aqui é bonito”, prosseguiu.

“Naquele momento, não senti que a comparação foi para um sinônimo de beleza. Talvez se ela tivesse sido utilizada para gerar um sinônimo de beleza, jamais teria sido comparado”, completou o brother, que dias antes ganhou torcida de Gilberto. “Quando me pego falando alguma coisa [errada], já me corrijo na hora. É esse movimento que a gente tem que fazer na nossa cabeça, porque a nossa fala machuca muito mais, às vezes, do que um murro”, finalizou.

“Desculpa, cara. Perdão – disse o sertanejo Rodolffo para João Luiz, ao ouvir as críticas dos colegas. Você não falou comigo antes, completou, tentando se aproximar do brother. O cabelo do meu pai é igualzinho ao do João. Se fosse para machucar, eu iria querer machucar o meu pai? – rebateu o sertanejo.

 

E como é que isso aconteceu na casa mais vigiada do Brasil?

Essas e outras falas polêmicas do Big Brother Brasil 21, nos fazem refletir sobre vários aspectos, nesse momento a polemica está sobre o preconceito/racismo ou não de ter um cabelo crespo. Não estou afirmando aqui sobre quem tem razão ou não. Mas, na reflexão que esse episódio nos trouxe.

O que estamos aprendendo com o BBB 21? Relacionamentos de preconceitos? Racismo? Alguém fazendo mimimi? Preconceito em com relação ao cabelo crespo? As questões certamente vão muito além disso. Pois são questões relacionadas a autoestima e autoimagem, e a forma como os participantes se relacionam lá dentro ainda repercute muito aqui do lado de fora.

Primeiramente, é preciso esclarecer o que é a falta de conhecimento sobre cultura, raça, e etnia se torna um problema para o processo formador do cidadão. É na infância que o indivíduo inicia o processo de construção de sua identidade. Dessa forma a educação infantil deve ser vista como um caminho para formação social e um meio para desconstruir discursos que desqualifiquem o biótipo do outro, já que moramos em um país com diversidades culturais.

Enquanto aqui do lado de fora, uma chuva de críticas em relação ao comportamento do sertanejo Rodolffo, com vários comentários revoltosos e opinativos chamando-o de racista, preconceituoso, sem noção etc. Entretanto, será que mesmo esses “conselheiros de plantão” conseguem perceber quando estão sendo racistas ou quando alguém está com mimimi?

E de quem é a culpa? Será que ela existe?

Basicamente, o preconceito se torna evidente com relação ao cabelo crespo e a hostilização do que é o cabelo crespo leva milhares de crianças a alisarem os fios com produtos prejudiciais à saúde – quem se submete ao alisamento o faz comumente por, em algum momento, ter sido alvo de estereótipos racistas por ser crespo(a). Em meio a tudo isso, existe a luta para desconstruir a carga histórica social que afirma a todo momento “o cabelo crespo é ruim”.

Mas, antes de tudo, você sabe o que é um estereótipo? Estereótipo é uma imagem preconcebida que define e limita grupos e pessoas que são minoritárias socialmente, consiste em classificar o outro por meio de visões superficiais de pouco ou de nenhum conhecimento real sobre vivências, culturas e pessoas, acabando por se sustentar em discriminações como racismo, homofobia, xenofobia, intolerância religiosa e outros.

Quando se é crespo(a), infelizmente, é comum ouvir brincadeiras e comentários como “bucha” e “Bombril”, além das perguntas desnecessárias como “Você penteia seu cabelo?”, “Como faz pra lavar?” e o famoso “Posso tocar?”. Precisamos entender e aceitar que os cabelos são mais que uma moldura ao rosto, os fios expressam identidade e conexão com as raízes.

Os nossos cabelos interferem diretamente na nossa autoestima, afinal quem nunca se sentiu feia ou estranha quando os fios não estão em um bom dia? Pois é, tem gente inclusive que deixa de sair de casa ou de fazer alguma coisa por causa das madeixas. Por isso, cuidar bem dos fios, manter o corte em dia ou arriscar novos penteados ajudam a te deixar ainda mais bonito (a), sabermos que esse também é um processo interno de autoaceitação, de amor-próprio, de fugir desses padrões enraizados em nossa cultura.

Outro conceito que quero trazer aqui, é o de independente de ter cabelo liso ou crespo, vamos nos empoderar para diariamente nos vermos como merecedores e lindos. E aí? Bora elogiar os cabelos crespo(a) e liso(a)? Seja na rua, nas redes, conhecidos ou não, é um fortalecimento enorme! Ame o seu crespo ou liso e o do outro também, coloque sua autoestima vai lá pra cima!

Por fim, que tal refletirmos sobre “quantas vezes fizemos o papel do sertanejo Rodolffo” na vida, e que tal pensarmos: Quantas vezes fomos o João Luiz?

Precisamos refletir antes de falarmos e de não sermos tão frágeis quanto a comentários externos, lembrando que ter autoestima e se amar é tudo! No entanto, não é uma tarefa simples sendo preciso nutrir o amor por si todos os dias, como o pensamento de que nunca é tarde para mudarmos o roteiro e tomarmos as rédeas da nossa vida.

Termino, desejando que você se ame a ponto de ser feliz sem precisar da opinião de terceiros sobre seu cabelo, seu corpo ou da sua vida.

Por Samiza Soares

É terapeuta formada em psicanálise e hipnoterapia clínica pelo Instituto Lucas Naves e pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC), respectivamente.
Trabalha com sessões individuais e com casais, atendendo em consultório particular, plantão terapêutico emergencial, além de atendimento domiciliar e atendimento on-line.

Instagram: @samiza

E-mail: [email protected]

Facebook: www.facebook.com/samizasoaresterapeuta

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