Search
booked.net
Search
Close this search box.

“O ambiente do futebol é muito hostil para um gay”, diz Emerson Ferretti, ex-goleiro do Grêmio

Foto: Marcos Ribolli

*Da Redação do Dia a Dia Notícia

Emerson Ferretti, ex-goleiro do Grêmio, fez declarações polêmicas sobre sexualidade no mundo do esporte, afirmando que aos 21 anos entrou em um dilema sobre sua masculinidade e o futebol, além de enfrentar tabus da sociedade sozinho.

Segundo o atleta, em entrevista ao podcast do ge ‘Nos Armários dos Vestiários’, aos 21 anos, teria sofrido uma lesão que mudou o rumo da sua vida. Ele teria se jogado com força sobre o adversário para impedir o chute o que causou uma grave lesão na perna direita.

Na época, o então goleiro era valorizado nas categorias de base da seleção brasileira, valorizado e assediado, o que se transformou em um fardo para ele, porque na medida em que ganhava fama, tinha mais chances de ter sua sexualidade conhecida pelos outros jogadores, a mídia e sua família.

“Eu me joguei desesperado. Na verdade, o desespero era outro, não era um desespero para não tomar gol. A minha vida pessoal, a cada defesa que eu fazia, cada vez que eu me destacava mais dentro de campo, o buraco vazio aumentava também inversamente proporcional. Quanto mais famoso eu ficava, mais difícil se tornava ser gay dentro desse ambiente”, declarou.

“Eu não tinha tido contato com o mundo gay até então, com 21 anos. Então, quando eu quebrei a perna, e foi uma lesão grave que poderia inclusive ter ter acabado com minha carreira, porque quebrou a tíbia e fíbula, eu acabei saindo de cena, apesar de toda a fama e todo a comoção que causou no Rio Grande do Sul. Mas eu acabei saindo de cena um pouco e foi o que me deu a oportunidade de poder repensar algumas coisas e começar a equilibrar isso. Foi inconsciente, mas foi um ato de desespero mesmo para tentar mudar o rumo das coisas”, continuou.

O ex-goleiro, afirmou que precisou lidar com sua sexualidade em seus mais 30 anos de futebol, e que espera usar sua história para ser um exemplo positivo para as novas gerações de atletas.

“O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu fico imaginando quantos garotos desistiram de se tornar jogador de futebol por conta disso, por perceberem essa situação. Quantos talentos foram perdidos? O futebol perdeu, os clubes perderam, porque o ambiente realmente não ajuda. Eu segui com tudo isso, mas sofri com as consequências de seguir, era o meu sonho. Eu queria ser goleiro do Grêmio. Eu queria ser um jogador de futebol. Eu eu conquistei isso, só tive que que enfrentar um outro lado que é muito difícil”, afirmou.

Emerson também destacou quando era mais jovem não conseguia ter um contato maior com sua sexualidade e que só ouvia a reprodução de pensamentos preconceituosos pela família e sociedade.

“Não tive contato nenhum com o mundo gay até os 21 anos. E o que ouvia era o pensamento de todo mundo da família que reproduzia o pensamento da época e do local, o Rio Grande do Sul, um estado bem machista, conservador. Falavam que ser gay era sem-vergonhice, descaração, uma aberração. Era inferiorizado, muito relacionado à promiscuidade. Então, tudo o que era negativo, se jogava lá. Eu cresci ouvindo isso”, disse.

Entre no nosso Grupo no WhatsApp

Antes de ir, que tal se atualizar com as notícias mais importantes do dia? Acesse o WhatsApp do Portal Dia a Dia Notícia e acompanhe o que está acontecendo no Amazonas e no mundo com apenas um clique

Você pode escolher qualquer um dos grupos, se um grupo tiver cheio, escolha outro grupo.