*Lucas dos Santos – Especial para o Dia a Dia Notícia
O novo titular da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Júnior Mar, foi criticado por falas sobre a formação dos mediadores para crianças com autismo na rede pública municipal. Em entrevista à Rede Amazônica, o secretário afirmou que os mediadores não precisam de formação superior e servem apenas como apoio escolar, o que não é verdade.
“A exigência legal é que basta ter o ensino médio, não precisa ter ensino superior porque o tratamento com o autista não é pedagógico, é apoio escolar no sentido de mobilidade, de toda essa assistência, mas o pedagógico continua sendo o professor da sala de aula, conforme rege a legislação”, disse Júnior Mar.
A especialista em desenvolvimento infantil e psicopedagoga Rafaela Nascimento criticou as falas do novo chefe da Semed, afirmando que ele “simplesmente invalidou os profissionais e desrespeitou a capacidade dos indivíduos com deficiência”. Os últimos dados oficiais repassados pela Semed ainda em 2023 mostram que há 1,5 mil mediadores no ensino municipal e todos são estagiários cursando a partir do 4º período do ensino superior.
A especialista destacou que pessoas do ensino médio não podem agir como mediadores. No caso, o mediador necessita ser formado em pedagogia, psicologia ou fonoaudiologia para exercer a função.
A falta de atualização sobre os dados dos mediadores escolares vem sendo cobrada por membros da Câmara Municipal de Manaus (CMM) desde o ano passado. Ainda em 2024, a vereadora Thaysa Lippy (PRD) pediu esclarecimentos à Semed sobre a portaria que regulamenta os trabalhos dos mediadores em salas de aula e quantas crianças são atendidas pela Avaliação Multiprofissional.
A vereadora denunciou que a ausência e despreparo de mediadores nas salas de aula das escolas públicas do município está fazendo com que crianças e jovens autistas sejam levados às delegacias de menores infratores.
“Eu clamo pelo bom senso dos senhores, porque o despreparo do Poder Público já está literalmente virando caso de polícia e os nossos menores não podem sofrer com isso. Gente, como é que um estudante do ensino médio vai ser mediador de uma criança autista? Isso é sério, isso é grave. Estão brincando com as nossas crianças, com os nossos deficientes. Isso é um absurdo. Isso tem que ser denunciado pro Ministério Público. A sociedade precisa saber que é assim que a Semed trata uma criança com deficiência”, afirmou.
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