O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, recebeu o aval do presidente Jair Bolsonaro e vai trocar o comando da Polícia Federal. A informação foi revelada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmada nesta terça-feira pelo GLOBO. Um “pacote” de mudanças na gestão do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) está sendo elaborado, mas os nomes ainda são mantidos em sigilo.
Anderson Torres tomou posse como ministro da Justiça em cerimônia reservada nesta terça-feira. Ele assumiu o lugar que estava sendo ocupado por André Mendonça, que voltou ao comando da Advocacia-Geral da União (AGU).
Durante o evento, Bolsonaro afirmou que uma mudança é “natural” e que todas as alterações que o novo ministro fizer serão para adequar a pasta ao objetivo definido:
— E é natural as mudanças. E a gente sabe que você, todas as mudanças que efetuará no seu ministério, é para melhor adequá-lo ao objetivo, ao qual você traçou.
Na última semana, Torres vinha mantendo reuniões com pessoas do seu entorno para elaborar a montagem da equipe. A principal mudança será na direção-geral da Polícia Federal, hoje sob o comando de Rolando de Souza, nome ligado ao diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.
Internamente, a troca no comando da PF já era esperada por integrantes da corporação, mas a expectativa é de que ela ocorresse em alguns meses. Agora, a estimativa é de que a troca se efetivará nos próximos dias. O entendimento era de que a permanência de Rolando de Souza só ocorreria por imposição do presidente Bolsonaro ou do grupo ligado a Ramagem.
Internamente, delegados próximos do ministro da Justiça são citados como possíveis nomes para compor a nova gestão da cúpula da PF, como os delegados Alessandro Moretti, que foi adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF na gestão Anderson, o atual superintendente da PF no Distrito Federal Márcio Nunes de Oliveira e o superintendente em Minas Gerais, Cairo Costa Duarte.
O diretor da Abin, Alexandre Ramagem, não é apontado como uma pessoa próxima de Anderson Torres – ambos eram adversários na tentativa de exercer influência sobre a PF. Caso seja nomeado para comandar a PF, Ramagem seria uma escolha pessoal do presidente Jair Bolsonaro, por sua relação próxima com Bolsonaro e os filhos.
Após quase um ano de sua gestão e apesar de ter sido nomeado sob uma aura de desconfiança, o atual diretor-geral Rolando Alexandre tem sido bem avaliado dentro da PF. Ações como a mudança para uma nova sede em Brasília e investimentos em tecnologia para as investigações são citadas como pontos positivos de sua gestão.