Search
booked.net

No AM, deputados avaliam reduzir remanejamento orçamentário; mudança engessa Executivo, Judiciário, Defensoria e MP

*Paula Litaiff – Da Revista Cenarium

Manaus – A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) avalia diminuir de 40% para 4% o teto do remanejamento orçamentário do Estado. A REVISTA CENARIUM teve acesso à informação nesta semana após a manobra que elegeu o deputado Roberto Cidade (PV) para comandar a Casa no biênio de 2021-2022 e garantiu ao atual presidente da Aleam, Josué Neto (Patriotas), a vaga vitalícia no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A alteração deverá ser discutida em 2021.

Uma eventual mudança no limite orçamentário estadual atinge, além do Executivo, o TCE, o Tribunal de Justiça (TJAM), o Ministério Público (MP/AM), a Defensoria Pública (DPE/AM),  e a própria Aleam, podendo engessar a administração, conforme apontaram técnicos da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e Procuradoria-Geral do Estado (PGE).

Definido há mais de 15 anos, o limite orçamentário de 40% nunca foi usado em sua totalidade pelos governos do Amazonas. Em 2019, o remanejamento ficou em menos de 20% e garantiu pagamentos que não foram orçados na gestão anterior. Nos outros estados, o teto de modificação no orçamento é de mais de 25%.

A exemplo do que ocorreu na eleição do deputado Roberto Cidade para a Assembleia, a mudança no teto orçamentário dos poderes deve ser efetivada em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). A PEC que antecipou a eleição de Cidade foi aprovada em menos de três horas sob a suspeita de fraudes em documentos que estão em investigação.

Saúde com prejuízos

Procurada para comentar o assunto, a Secretária executiva de Orçamento da Sefaz, Christiane Travassos, disse que a redução brusca na flexibilidade orçamentária do Estado comprometerá primeiramente a gestão da Saúde, com a pandemia do coronavírus que até o momento, não tem previsão de recuo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“A flexibilidade na administração do orçamento permitiu ajustes em projetos e programas sociais, dando prioridade ao atendimento de pacientes e ações de prevenção da Covid-19, principalmente, no interior do Estado”, explicou Travassos.

Com um orçamento de R$ 18,7 bilhões, o Estado remanejou 15,3% em 2020, sendo a metade para atender demandas da Saúde, informou a técnica da Sefaz. “Foram quase R$ 3 bilhões de remanejamento este ano e mais de 50% permitiu mudanças que foram essenciais para conter o avanço da Covid-19 no Estado”, disse.

Folhas de pagamento

O percentual amplo de remanejamento orçamentário permitiu ainda que o Executivo, Legislativo, Judiciário, Defensoria e Ministério Público fizessem ajustes nas folhas de pagamento com a convocação de novos servidores para o trabalho durante a pandemia.

“Acredito que o total de alteração foi mais de R$ 1 bilhão que se remanejou de outras despesas para incrementar os recursos para garantir as mudanças nas folhas de pagamentos dos poderes”, afirmou Christiane Travassos.

Abono dos professores

A flexibilidade mais ampla no orçamento foi apontada pela Sefaz e, também, por técnicos da Procuradoria-Geral do Estado como garantia jurídica para o pagamento do abono dos professores, anunciado na última terça-feira, 15.

O Decreto Estadual 43.182/2020 autorizou o pagamento do abono do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para 26,7 mil servidores da Secretaria de Educação (Seduc).

Segundo o governo do Estado, o abono varia R$ 4 mil a R$ 12 mil e, pela primeira vez na história, vai contemplar servidores técnicos e administrativos, além de professores e pedagogos.

No total, foram destinados R$ 142,6 milhões para o abono do Fundeb, que será pago no dia 29 de dezembro para os servidores funcionalmente vinculados e lotados na Seduc.

Merenda escolar

Criado durante o ápice da pandemia no Amazonas, abril deste ano, o programa “Merenda em Casa” do governo do Estado só foi possível graças ao atual limite de remanejamento orçamentário, como apontou a Secretária executiva de Orçamento da Sefaz.

“Alteramos o orçamento previsto para a merenda que seria distribuída nas escolas para o novo programa, adaptado durante a pandemia. Com isso, milhares de crianças, principalmente, de comunidades tradicionais não ficaram sem alimento nesse fase tão crítica”, pontuou Christiane Travassos.

Perguntas à Aleam

Com a proposta de mudança no teto do remanejamento orçamentário em curso na Aleam de forma velada, a CENARIUM encaminhou perguntas sobre o assunto à Diretoria de Comunicação da Casa, mas não recebeu retorno até o fechamento da matéria, conforme abaixo:

Estamos elaborando matéria jornalística sobre uma proposta que está sendo avaliada no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado para a redução do teto de remanejamento orçamentário do Executivo que, atualmente, é de 40%.

1) Houve consulta à Sefaz para a análise dessa proposta?

2) Foi realizado algum estudo técnico para essa mudança no limite de remanejamento orçamentário?

3) Essa proposta será avaliada em sessões extraordinárias?

Entre no nosso Grupo no WhatsApp

Antes de ir, que tal se atualizar com as notícias mais importantes do dia? Acesse o WhatsApp do Portal Dia a Dia Notícia e acompanhe o que está acontecendo no Amazonas e no mundo com apenas um clique

Você pode escolher qualquer um dos grupos, se um grupo tiver cheio, escolha outro grupo.