Search
booked.net
Search
Close this search box.

Mulher, desperta!

“A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império
da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira” (De Gouges, Oliympe. Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, 1791).

Março mês da mulher e da consciência feminina está se encerrando, mas nossas lutas contra a desigualdade de gênero deve ser diária e constante. Recentemente e com muita honra escrevi meu primeiro artigo para o Portal Dia a Dia Notícias com o título “As mulheres conquistaram o mundo”, e quero voltar a esta temática das mulheres e da desigualdade de gênero para, neste dia 31 de março, no encerramento do mês da mulher, não para tecer aqui uma homenagem, mas para convidar você para mais uma vez refletir e repensar o lugar da mulher em nossa sociedade, de sua participação na construção deste país.

Não desejo concluir minhas ideias e reflexões de gênero com este artigo, mas que possamos trazer a cada dia este tema para nossas mesas, nossas religiões, nossas conversas e nossos estudos e leituras.

As mulheres são a maioria, um número relevante de 52% da população brasileira, e esta maioria certamente há de ter um peso crucial em muitos aspectos de nosso cotidiano. Se pensarmos em educação, se pensarmos em saúde, se pensarmos em cuidar do outro e até mesmo do autocuidado, encontraremos não poucas mulheres  protagonizando o processo.

Deve nos causar inquietação o fato de que no Brasil as mulheres ainda somem um número expressivamente pequeno nos cargos públicos. E o que mais me deixa perplexo, há estimativas de que só haverá um equilíbrio de gênero na política em nada manos que 120 anos. E eu diria, mulheres, unam-se!

Mesmo sendo a maioria e mesmo atuando de forma essencial em nossa sociedade, ainda presenciamos inúmeros casos de violência contra nossas mulheres. Tristes estatísticas que nos alertam para uma realidade dura, gravíssima e cruel, onde:  81% das mulheres já sofreram violência em seus deslocamentos pela cidade; 76% das mulheres já sofreram assédio em seu local de trabalho; 30 mulheres sofrem agressão física por hora.

Infelizmente os números não param por aqui e enchem de indignação qualquer pessoa que detenha uma consciência ética e cidadã, e que sabe que esta realidade só nos levará cada vez mais para o profundo poço do atraso social. Segundo a revista Forbes, países como Suíça, Canadá, Finlândia, Nova Zelândia, Austrália entre outros, oferecem segurança não somente para suas mulheres, mas também para as visitantes que escolham estes destinos turísticos. Lamentavelmente, nosso belo Brasil não se encontra nesta lista. É muito importante relacionar estes dados positivos em alguns países com o fato que são nações que investem maciçamente em educação e segurança, bem como no combate à violência.

Dados da agência Brasil alertam: “as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas semanais contra 11,0 horas)”; “Em 2019, as mulheres receberam, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens”. “Entre diretores e gerentes, as mulheres receberam 61,9% do rendimento dos homens. O percentual também foi alto no grupo dos profissionais da ciência e intelectuais: 63,6%”. In.: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-03/estudo-revela-tamanho-da-desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho.

Quando o assunto é ciência e a participação feminina, o portal https://ead.pucpr.br/blog/mulheres-na-ciencia nos ajuda a vislumbrar  interessantes estatísticas da atuação das mulheres na ciência: Bioquímica, com 52,7% de mulheres; Odontologia, com 52,4% de mulheres; Imunologia e Microbiologia, com 57,7% de mulheres; Medicina, com 52,7% de mulheres; Neurociência, com 54,3% de mulheres; Enfermagem, com 73% de mulheres; Farmacologia, com 57,6% de mulheres.

Para quais rumos estes ventos estatísticos nos direcionam? Quais reflexões poderíamos elencar diante de uma realidade que muito nos questiona? Quais hipóteses poderiam apontar as causas e as soluções para isto que podemos assegurar como uma realidade crítica e problemática? O que fazer para obter o equilíbrio entre os gêneros? Qual foi e qual será o papel dos homens neste processo de mudanças e ações?

Uma primeira consideração diz respeito a uma constatação histórica, de que as mulheres protagonizaram, mesmo a duras penas e com um papel diminuído, o crescimento, o progresso e a saga do Homo Sapiens Sapiens. De maneira que é nosso dever reavaliar a visão histórica e antropossocial da participação da mulher na história da humanidade.

Outra importante tomada de mudança gira em torno de nosso processo educacional. A diminuição da ideologia patriarcal é uma tarefa crucial para que as mudanças de fato aconteçam. E os números não mentem, a desigualdade de gêneros é latente, é imoral, desumana e profundamente injusta. Cada professor, cada escola, cada Estado da Federação devem propor uma educação voltada para a diminuição da desigualdade de gênero. Há luzes na nova proposta educacional, porém, o desafio ainda é o tradicionalismo machista atualmente muito enraizado em nossas famílias. Nos reeducar se torna tarefa fundamental.

Uma terceira proposta de reflexão gira em torno de uma união feminina, ou parafraseando Marx, de um “manifesto feminista”, a partir da união, do diálogo, do debate de ações, de propostas de leis que salvaguardem a segurança, a igualdade, a educação, as oportunidades iguais para nossas mulheres, bem como do compromisso assumido por nós homens de diminuir as desigualdades deste lamentável cenário social desde o seio familiar.

Apenas o reconhecimento do papel da mulher é ainda insuficiente. Precisamos reeducar nossas consciências, e isto exigirá escuta, empatia, disponibilidade para dialogar e muita força de vontade para modificar a estrutura desigual entre os gêneros. Para isso, novas atitudes são urgentes. Vamos lá, mulheres. “Tamo junto e misturado”.

Por Sérgio Bruno

É um livre pensador e professor formado em Ética e Filosofia Política, com mais de 15 anos de experiência na docência e formação de jovens e adultos. Atualmente também é professor em cursos pré-vestibulares na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, atuando também como professor de Sociologia, Cultura Religiosa e Teologia. É apaixonado por temas como Cultura e Sociedade, Cidadania, Política, Direitos Humanos e Diálogo Inter-religioso. Adora livros, leitura e literatura e deseja convidar você para compartilhar pensamentos, ideias e reflexões diversas.

 

Entre no nosso Grupo no WhatsApp

Antes de ir, que tal se atualizar com as notícias mais importantes do dia? Acesse o WhatsApp do Portal Dia a Dia Notícia e acompanhe o que está acontecendo no Amazonas e no mundo com apenas um clique

Você pode escolher qualquer um dos grupos, se um grupo tiver cheio, escolha outro grupo.