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Morre David Prowse, ator que interpretou Darth Vader

Muito poucas pessoas conheciam seu rosto, porque o que aparece sob a máscara no momento da morte de Darth Vader em O Retorno do Jedi não é o de Prowse, mas o de outro ator: Sebastian Shaw. A equipe da LucasFilms decidiu filmar sua morte sem que Prowse soubesse, depois de várias desavenças que levaram ao rompimento da relação entre o ator e a produtora, que nunca o convidou para uma convenção oficial de Star Wars. Assim se desfez seu sonho de glória. “Eles sempre acreditaram que eu vazei para a imprensa a morte do meu personagem”, disse Prowse no documentário I Am Your Father, dirigido pelos diretores espanhóis Marcos Cabotá e Toni Bestard, e apresentado no festival de Sitges de 2015. No documentário, os cineastas encontraram o autor do artigo em questão, que explicou que não foi Prowse que lhe deu a informação.

Na verdade, a coisa não é tão simples. Prowse sempre teve fama de falar demais com os jornalistas. E aquela desavença foi a que encerrou uma série de discussões. “Acho que isso nunca se corrigirá”, assinalou o ator em Sitges. “Para mim, o documentário é simplesmente uma homenagem ao meu trabalho, do qual me orgulho muito, e o reflexo de uma injustiça. Mas suspeito que a situação nunca mudará.” Para mitigar um pouco esse vazio, em I Am Your Father, Bestard e Cabotá filmaram de novo a morte de Darth Vader, mas com Prowse. A LucasFilms proibiu expressamente sua difusão.

Trailer do documentário ‘I am your father’ (2015), uma homenagem ao ator David Prowse.
Prowse já tinha trabalhado previamente em filmes e séries de televisão graças à sua grande estatura (1,98 metro) e à sua musculatura, embora seu rosto só tenha sido visto em Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Nesse filme, interpretou o musculoso assistente do escritor F. Alexander. Era o responsável por transportá-lo. Cansado com o fato de o diretor o fazer repetir cenas, Prowse se aproximou de Kubrick e disse: “Seu nome não é Kubrick de uma só tomada, não é?”. O diretor se limitou a rir, e eles conseguiram o resultado desejado em seis tomadas.

O ator estreou diante das câmeras em 1967 em Cassino Royale, paródia da saga do espião britânico James Bond, onde interpretou a criatura de Frankenstein, papel que repetiria em outros dois filmes. Também apareceu em várias séries cult da TV, como The SaintSpace: 1999 e Doctor Who, na qual fez o papel de Minotauro em 1972. Antes de iniciar sua carreira no cinema, disputou o concurso de Mister Universo em 1960 e chegou a fazer parte da equipe de halterofilismo do Reino Unido entre 1962 e 1964.

A outra vez em que mostrou seu rosto foi em uma campanha de segurança no trânsito, dando vida ao Green Cross Code Man, um gigante que ensinava as crianças a atravessar a rua, papel pelo qual recebeu uma condecoração da rainha Elizabeth II. Esse foi o trabalho que lhe deu fama no Reino Unido. Trabalhou durante cinco décadas de forma intermitente no cinema e na televisão, e não só como ator: também ajudou, como personal trainer, Christopher Reeve a se preparar para as exigências físicas do papel de Superman.

Nos últimos anos, já doente, dedicou-se a participar de convenções de fãs do cinema fantástico e dos quadrinhos, ganhando a vida assinando autógrafos, quase todos eles em cima de fotos de Darth Vader,  o que também acarretava pagamento de direitos à LucasFilms.

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