*Da Redação do Dia a Dia Notícia
A cultura popular do Amazonas perdeu, neste domingo (16), uma de suas vozes mais importantes. Daniel Salles, compositor, escritor e pesquisador respeitado no samba e no esporte regional, morreu na madrugada após enfrentar complicações decorrentes da diabetes. Sua partida deixa um vazio profundo entre sambistas, pesquisadores e admiradores da história cultural de Manaus.
Figura central para entender o desenvolvimento das escolas de samba da capital, Salles dedicou décadas a registrar, preservar e contar as histórias que moldaram o carnaval manauara. Seu livro É Tempo de Sambar, frequentemente citado como “a Bíblia do samba manauara”, reúne relatos, datas, personagens e bastidores que resgataram capítulos que quase se perderam no tempo.
Além de pesquisador incansável, Daniel era celebrado pela habilidade rara de compor. Era chamado por amigos de “Lamartine Babo do Norte”, em referência ao compositor de hinos esportivos, graças às canções criadas para clubes como América, Manaus FC, Amazonas FC e Princesa do Solimões. Sua presença também era marcante nas quadras das escolas de samba, onde contribuiu com sambas-enredo e influenciou novas gerações de intérpretes e compositores.
A notícia da morte mobilizou homenagens imediatas. Reino Unido da Liberdade, Sem Compromisso, Boi-Bumbá Corre Campo e outras agremiações manifestaram pesar nas redes sociais. A Reino Unido escreveu que deseja que “sua luz permaneça acesa em cada lembrança”. A Sem Compromisso ressaltou que o sambista “imortalizou seu nome no carnaval e no futebol amazonense”. Já o Corre Campo destacou que Daniel “cumpriu sua missão nesta vida”.
Daniel Salles era pai de Ellen Juliana, atual Rainha da Escola Reino Unido da Liberdade, e sogro do presidente da agremiação, Rangel Magalhães. Deixa familiares, parceiros musicais, pesquisadores, discípulos e uma legião de admiradores.
Desde as primeiras horas da manhã, escolas e instituições culturais lamentam a perda e exaltam a obra de Daniel, reconhecido como um dos pilares da memória do samba e da cultura popular do Amazonas. Seu legado permanece vivo nas páginas que escreveu, nos sambas que compôs e no carnaval que ajudou a construir.
