O ministro Nelson Teich voltou a dizer, nesta quinta-feira, dia 7, que a ordem de fechar o comércio e impedir a circulação de pessoas nas ruas, por meio do chamado “lockdown”, não deve ser motivada por disputa política.
“Pode chegar a situações extremas, como o lockdown. O que a gente não pode é transformar isso numa discussão política. Isso é uma discussão técnica. Isso vai variar de acordo com as diferentes regiões, diferentes momentos no tempo”, disse o ministro, durante a sessão pública da Câmara dos Deputados.
Teich reiterou que é preciso avaliar a situação de cada local, considerando o nível de incidência da doença, o ritmo de crescimento do número de casos e a estrutura de atendimento hospitalar, que pode entrar em colapso.
O Amazonas é o primeiro Estado visitado pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, durante a pandemia. Na visita, que durou dois dias, Teich conheceu hospitais em Manaus e anunciou a chegada de 267 profissionais de saúde para reforçar o enfrentamento ao coronavírus no Estado. Ao todo, são 37 médicos, 118 enfermeiros, 57 técnicos em enfermagem, 26 fisioterapeutas, 12 farmacêuticos e 17 biomédicos, que vão atuar em todo o Amazonas.
Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde destinou R$ 68,8 milhões ao Estado para o fortalecimento da rede hospitalar e de vigilância, além do envio de 1,5 milhão de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de 90 respiradores.
A situação no Amazonas ainda dá sinais alarmantes. Nesta quinta-feira, dia 08, o Estado registrou 856 novos casos, totalizando 10.099 casos confirmados do novo coronavírus, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).
“Temos medidas mais simples que vão passar principalmente, por distanciamento, higiene das mãos, uso de álcool em gel, máscaras e até situações em que vai ter o lockdown”, afirmou o ministro, no debate promovido pela Comissão Externa de Ações Contra o Coronavírus.
Desde que assumiu o posto, Teich promete a entrega das diretrizes sobre distanciamento social para orientar os governos estaduais e prefeituras.
Testagem Precoce
O colapso no atendimento hospitalar da cidade de Manaus levou o Ministério da Saúde a avaliar a estratégia de diagnosticar antecipadamente pacientes com a covid-19 para evitar que um maior número de pessoas evolua para o quadro grave da doença, segundo afirmou o site Valor Econômico, nesta quinta-feira, dia 07.
O ministro Teich explicou que a medida pode ser adotada aperfeiçoando o programa de triagem, momento no ambulatório em que se mede a temperatura e a saturação de oxigênio do paciente, antes de confirmar a necessidade de internação.
“Aí, podemos realmente fazer um diagnóstico precoce para intervir mais cedo e evitar que as pessoas cheguem em condições mais ruins, criticamente na parte clínica”, disse Teich. O ministro participa nesta quinta-feira de reunião técnica, por videoconferência, promovida pela Comissão Externa de Ações Contra o Coronavírus”, da Câmara dos Deputados.
Para Teich, a iniciativa pode “mudar a história natural da doença” no Brasil, evitando que um maior número de pessoas evolua para casos mais graves, o que leva à maior ocupação de leitos de UTI e uso de respiradores mecânicos. Teich disse que a necessidade de realizar o diagnóstico precoce da covid-19 ficou evidente na visita feita por ele e técnicos do Ministério da Saúde ao Estado do Amazonas. “Esse é outro desenho que, no caso de Manaus, ficou claro. A gente vai ter que discutir e trabalhar, que é uma integração maior entra a parte laboratorial e hospitalar”, afirmou.
Respiradores
O Ministério da Saúde prevê a produção de 14,1 mil respiradores no Brasil. Até agora, o governo federal já distribuiu 487 aparelhos aos Estados. Ao todo, 23 unidades da federação já foram contempladas com 3.172 leitos para adultos e 64 pediátricos. Para reforçar o atendimento nos hospitais, o órgão federal informou que já cadastrou 900 mil profissionais e 100 mil estudantes da área. Teich informou que amanhã desembarcará no Rio de Janeiro para se reunir autoridades locais e conhecer de perto a situação do sistema de saúde da região.
Militares no ministério
Em resposta às críticas de que os militares estariam no comando do Ministério da Saúde, o titular da pasta afirmou que é ele quem exerce a liderança nas principais ações do órgão. Teich explicou que trabalha com os militares, porque acredita “na eficiência e na capacidade de entrega e execução” dos integrantes da corporação, que já ocupam inúmeros cargos do primeiro escalação no governo Jair Bolsonaro.
O ministro reiterou que as nomeações de militares, formalizadas nos últimos dias no “Diário Oficial da União”, são de integrantes da equipe do secretário- executivo, general Eduardo Pazuello.
“Quero deixar claro que eu, como ministro, sou líder disso tudo. Embora possam existir militares, a liderança é minha”, afirmou Teich. O ministro reforçou que é ele quem dá a palavra final sobre as estratégias que vêm sendo definidas para as diferentes frentes de combate ao novo coronavírus, “no curto, no médio e no longo prazo”.