MANAUS – Uma área de aproximadamente 18 hectares, o que corresponde a 18 campos de futebol, foi desmatada por 35 criminosos que foram presos durante uma megaoperação envolvendo mais de 400 policiais. Participaram dessa operação as polícias Civil e Militar do Amazonas, nesta terça-feira, 2. Os suspeitos retiraram cerca de 9 mil árvores centenárias da Amazônia entre espécies de Castanheira, Seringueira, Sumaúma e Cedro.
A operação foi coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) do Governo do Amazonas. Segundo as forças de segurança, as árvores eram extraídas e vendidas ilegalmente em Manaus e Manacapuru (a 87 quilômetros da capital).
O secretário de Segurança, coronel Louismar Bonates, afirmou que esta é a maior operação já realizada no Amazonas. “Temos certeza que mais de nove mil árvores centenárias foram derrubadas. Durante as investigações, isso foi apurado. Mais de 400 policiais participaram dessa operação bastante exitosa, em que conseguimos tirar de circulação pessoas que estavam suprimindo madeiras do nosso Estado”, afirmou.
Mandados de prisão temporária foram cumpridos, assim como de de busca e apreensão que recolheram documentos, aparelhos eletrônicos e objetos que podem auxiliar na investigação e que foram encontrados em endereços residenciais e comerciais ligados aos criminosos.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ayrton Norte, reafirmou que o compromisso da tropa é manter o Sistema de Segurança unificado. “Nosso trabalho, desde que assumimos o Comando, foi de estar integrado e, sem dúvida, esta é uma operação que marca na história do Amazonas”, disse.
O esquema criminoso envolve 12 serralherias que misturavam a madeira ilegal com peças devidamente regularizadas como forma de burlar a fiscalização de órgãos ambientais. Para se ter uma ideia, 95% da madeira vendida pelos empresários desse esquema era de origem criminosa.
A ação recebeu o nome de operação Flora Amazônica e contou com a participação de servidores do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam); do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema).
Ainda segundo os agentes de polícia, o grupo também é suspeito de planejar ações contra delegados e investigadores que ameaçavam desarticular o esquema.
O grupo foi preso após intensos trabalhos de agentes do Departamento de Repressão ao Crime Organizado, da Polícia Civil, que vinham realizando monitoramento há cerca de quatro meses. “A princípio, os suspeitos estavam atuando há cerca de dez meses”, disse uma fonte policial.
De acordo com a SSP-AM, interceptações telefônicas e outros indícios de crime já reunidos apontam que empresários moveleiros, donos de ao menos 12 serralherias, extratores ilegais e motoristas particulares participavam do esquema.
Desmatamento
Conforme relatório do MapBiomas, pelo qual REVISTA CENARIUM teve acesso, em 2019, as 27 unidades da federação registraram alertas de desmatamento.
De acordo com o relatório, somente a Amazônia viu desaparecer 770.148 hectares de floresta de janeiro a dezembro de 2019, o que corresponde a 63,2% do desmatamento registrado em todo o País.
Além do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia e Mato Grosso foram responsáveis por 78,8% dos alertas de desmatamento.
Para se ter uma ideia, recentemente o Ministério Público Federal (MPF) instaurou, somente no mês de maio, 1.023 ações civis públicas contra 2.262 réus em razão de desmatamentos ilegais na Amazônia. A iniciativa faz parte da 3ª fase do Projeto Amazônia Protege, que mapeou polígonos de 60 hectares ou mais desmatados entre agosto de 2017 e dezembro de 2019.
Ao todo, as ações cobram mais de R$ 3,7 bilhões de indenização pelos danos causados, além da reparação de 231.456 hectares de floresta degradados. Os números foram divulgados na segunda-feira (1º).