*Da Redação Dia a Dia Notícia
Mesmo com o estado do Amazonas possuindo 5.594 médicos atuantes, apenas 299 atuam no interior do Amazonas. A situação piora na categoria de médicos especialistas. Profissionais chegam a cobrar R$ 204,6 mil para atuar durante um mês em hospitais públicos de municípios do interior, valor cinco vezes maior que o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo teto é de R$ 41.650. A informação foi apurada pelo jornalista Waldick Junior e publicada em primeira mão no jornal A Crítica.
O alto custo dos profissionais dificulta o acesso à saúde em municípios distantes da cidade de Manaus, onde está a grande maioria dos médicos — 5.214, conforme dados do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM).
O secretário municipal de Saúde de Lábrea, Dário Vicente da Silva, afirmou à reportagem da A Crítica que fez uma consultoria “numa empresa para enviar três especialistas para o município. Seria um cirurgião-geral, um anestesista e um ginecologista-obstetra. Por esses três profissionais, a empresa nos cobrou R$ 503 mil”.
O anestesista seria o profissional mais caro, com diária de R$ 6,6 mil, totalizando R$ 204,6 mil por mês. O cirurgião-geral e o ginecologista-obstetra custariam R$ 148,8 mil por mês cada um.
“Outro médico cobrou R$ 120 mil por 20 dias. Como é que vamos legalizar um pagamento desse valor para um profissional?”, questionou Dário.
A reestruturação do programa ‘Mais Médicos’ na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é vista como uma solução parcial para o déficit de profissionais por incluir apenas profissionais da atenção básica, mas ainda assim consegue aliviar as contas públicas dos municípios.
Dário Vicente ressaltou que com o programa social, a prefeitura entra apenas com a contrapartida e não com o salário integral. Segundo ele, “no Mais Médicos [a contrapartida] é de R$ 3 mil e no Médicos pelo Brasil a partir de R$ 1,1 mil”, mas quando a gestão municipal custeia toda a contratação, o gasto chega a R$ 20 mil em Lábrea.
.O presidente da Associação Amazonense de Municípios (AAM) e prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Souza (União), afirmou que já existem negociações sobre o assunto.
“No período do governo José Melo, ele fez uma tratativa com os prefeitos e transferiu a responsabilidade [da gestão] dos hospitais para as prefeituras. Só que a parte do Estado não está sendo cumprida. Mostramos para o governador, ele falou com o Anoar [Samad, secretário estadual de Saúde], para que possamos fazer uma nova repactuação”, disse.