*Da Redação – Dia a Dia On-line
O médico especialista em ortopedia e traumatologia, Rafael Jacob Benoliel, publicou em suas redes sociais um vídeo informativo, respondendo às maiores dúvidas que recebia de seus seguidores sobre a nova cepa da Covid-19 e alerta a situação grave que ocorre em Manaus e no restante do país e no mundo. Seu maior propósito em publicar o vídeo, como conta, é levar maior informação para a população.
Nos primeiros segundos da gravação, o médico avisa sobre a importância do uso de máscara e que deve ser usada com frequência pois as condições atuais são extremamente graves e acentuadas pelo descaso de algumas pessoas por não seguirem o protocolo de prevenção contra a doença.
“Eu já havia avisado a vocês que, pela irresponsabilidade de poucos, muitos pagariam, porque esses poucos levam a doença para dentro de casa, muito possivelmente, estão levando cepas mais fortes, com a capacidade de virulência maior e isso vai fazer com que mais pessoas fiquem doentes”, afirma o ortopedista.
Variante do coronavírus
Uma das dúvidas mais frequentes que recebeu foi sobre a variante do coronavírus e explica a possibilidade dessa cepa não estar restrita apenas no Reino Unido:
“O Reino Unido foi isolado, não se entra por ar e nem por terra, por nada, porque se sabe que é uma cepa de mais alta virulência. Mas, a gente entende que essa cepa não existe apenas no Reino Unido. Não sofreu uma mutação somente lá. Muito possivelmente ela vem junto com todas as outras cepas na mesma linha de infecção que abordou o mundo inteiro. Então, podemos ter essa cepa aqui”.
“O que a gente vem vendo hoje em dia em Manaus é que o índice de evolução para gravidade é muito maior dessa vez. E não é porque as pessoas são mais susceptíveis”, e explica que já atendeu diversos casos de pacientes de 30 a 40 anos sem comorbidade e, por outro lado, atletas que estão sendo entubados, sofrendo um processo em terapia e cuidados e necessários para a complicação.
“Não há um padrão e agora a gente vive uma doença mais séria com complicações mais graves. A gente vai ver hospitais lotados como nunca antes”, afirma Benoliel.
De acordo com o médico, essa situação atual já era previsível por causa de aglomerações causadas pelo período eleitoral e pelo desrespeito às regras de lockdown e festas clandestinas em que compareciam milhares de pessoas.
“O hospital vai receber uma demanda que é uma enxurrada de pessoas. A culpa não é somente do hospital, a culpa é de quem se expôs sabendo que não podia se expor. E esses poucos que se expõem, que são irresponsáveis a esse ponto, levam essa doença que hoje parece ter maior virulência, para as pessoas que são susceptíveis ou não e que estão em contato com elas e isso faz a disseminação”.
O médico também ressalta sobre a possibilidade do novo vírus que acomete o Reino Unido ser o mesmo disseminado em algumas regiões do Brasil, mas ratifica que ainda não existem estudos suficientes que provam essa possível cepa, assim como não é possível excluir a teoria.
“Esse novo vírus tem uma proteína S que liga o vírus na mucosa da nasofaringe, da faringe ou do brônquio, forçando uma aderência mais efetiva. Essa aderência mais efetiva faz com que o vírus consiga desenvolver um quadro infeccioso com maior facilidade. Portanto, a disseminação da infecção vai acontecer também de forma mais eficiente para o vírus. Isso faz com que a gente tenha um maior número de casos novos”, alerta Benoliel.
Futuro incerto
Apesar da condição atual ser grave, o médico afirma que ainda pode piorar:
“O que a gente percebe na vida real é que infecta mais pessoas. Estamos vendo os pronto-socorros e os hospitais superlotados, e isso tende a piorar porque existem muitas pessoas nos SPAs e UBSs que vão precisar de leitos hospitalares ou suporte de CTI e não vão ter leito para todo mundo, isso é falado no mundo inteiro. A gente já sabia que ia acontecer, por mais que o governo tenha se esforçado e está se esforçando criando mais leitos, trazendo mais aparelhos de respiração artificial, tentando tornar a rede mais efetiva, é uma coisa imprevisível. Essa evolução atual, acredito que nem o cara mais pessimista imaginava que podia ser desse jeito”.
“A mensagem que fica é que tudo voltou e que todas as medidas, independente de ter tido ou não covid, precisam voltar à tona. Posso não desenvolver a infecção porque tenho a imunidade que me protege. Mas posso ser a mão que leva a doença, eu posso estar com a roupa que leva a doença e eu posso ser o veículo e vetor que leva doença para dentro de casa e que leva uma doença que pode matar seu pai, sua mãe, seu irmão e um filho seu”, alerta.