*Da Redação Dia a Dia Notícia
A avenida Paulista, em São Paulo, será palco da 3ª edição da Marcha de Exu neste domingo (17), a partir das 11h. O evento acontece em meio ao crescimento do número de brasileiros que se declaram adeptos da umbanda e do candomblé. Segundo o Censo do IBGE, 1% da população segue religiões de matriz africana, em 2010, o índice era de 0,3%, o maior avanço proporcional entre as religiões no país.
Realizada anualmente desde 2023, a Marcha de Exu retorna com o mote “nunca foi sorte, sempre foi macumba!”. O evento, que em 2024 lotou a avenida Paulista, busca desmistificar ritos e símbolos das religiões afro-brasileiras e, nesta edição, aposta em maior diversidade de atrações e convidados.
Segundo os organizadores, a marcha terá participação de artistas e influenciadores de diferentes regiões do país, ampliando o alcance e o público do ato. A proposta é reforçar a imagem de Exu como símbolo de pluralidade e resistência cultural.
Exu além do preconceito
Figura central em cultos como o candomblé e presente também na umbanda e na quimbanda, Exu é entendido como um mensageiro entre o mundo divino e o humano, responsável por abrir caminhos e promover transformações na vida de seus seguidores.
Apesar disso, ao longo da história, Exu foi associado ao demônio por setores do cristianismo. Essa narrativa, propagada pela Igreja Católica e reforçada por vertentes evangélicas, foi popularizada em livros como “Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?”, de Edir Macedo, líder da Igreja Universal, obra alvo de críticas e questionamentos judiciais pelo teor considerado preconceituoso.
O anúncio da primeira Marcha, em 2023, chegou a gerar reações negativas de grupos evangélicos. No entanto, manifestações religiosas de grande porte, como a Marcha para Jesus, também enfrentaram restrições de logística para serem realizadas na avenida Paulista, conforme declarou o apóstolo Estevam Hernandes, um de seus organizadores.
Celebração cultural
A programação da Marcha de Exu inclui toques de atabaque, cânticos tradicionais, performances artísticas, rodas de capoeira, apresentações de maracatu e expressões culturais afro-brasileiras. Os organizadores pedem que os participantes vistam vermelho e levem 1 kg de alimento não perecível, que será destinado a comunidades vulneráveis de São Paulo e Rio de Janeiro.
Para o pai de santo e organizador Jonathan Pires, que reúne mais de 540 mil seguidores nas redes sociais, a edição de 2025 será a mais estruturada até agora, com reforço em som, palco, equipe de apoio e organização de horários.
Independência política
Assim como nas edições anteriores, a Marcha não aceitará patrocínios nem adesão de partidos. Segundo Pires, o objetivo é manter o caráter independente e comunitário do evento.
“A Marcha para Exu não é palanque político. Não aceitamos uso eleitoral do ato. É uma manifestação feita pelo povo e para o povo, que celebra Exu, valoriza nossa cultura e combate a intolerância religiosa”, afirmou.
Para ele, marchar por Exu significa marchar também por respeito, diversidade e justiça em um país que ainda convive com altos índices de intolerância religiosa.
