*Alice Almeida, equipe Dia a Dia On-line
A capital do Amazonas, que registrou recordes em número de óbitos por Covid-19 no Brasil, poderá ser uma das primeiras cidades a vencer a pandemia, sem passar por uma segunda onda de casos. A informação foi apontada no boletim nº 10 do Atlas ODS, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
De acordo com o estudo, os pesquisadores esperam que por volta do dia 17 de junho, próxima quarta-feira, a curva de óbitos comece a ficar estagnada, ou seja, que o número de mortes pare de crescer, mesmo com os casos de contaminação ainda aumentando.
O motivo para isso, como explica o professor Henrique Pereira, coordenador do estudo, estaria associado aos fatores de “prevenção, resistência e tolerância”, descartando a hipótese de “imunidade de rebanho”, apresentada por outros cientistas como uma solução para o fim da pandemia, mas que só é possível em casos onde existe vacina.
Sobre o fator de prevenção, a pesquisa afirma que o isolamento social, mantido por parte da população mesmo após a retomada do comércio em 1º de junho, contribuiu para a diminuição da velocidade de mortes.”Houve picos de até 60% das pessoas terem ficado em casa”, conta o professor.
Outro fator que indica a baixa de mortes em Manaus é a ampliação de leitos de UTI do sistema de saúde e o aperfeiçoamento dos protocolos médicos, impedindo que casos graves evoluíssem para óbito. Isso significa que os vírus que circulam pela região agora estão menos agressivos do que no início da pandemia.
“A letalidade vai caindo porque o número de formas graves da doença também caiu dramaticamente, o que é muito bom, já que fica bem claro que formas graves da doença estão ficando menos frequentes na população, ou seja, os vírus que estão circulando nas pessoas são menos ‘virulentos’, de menor agressividade”, explicou.
A conclusão dos pesquisadores é que, por Manaus ter sido amplamente exposto ao vírus nos últimos meses, a última fase da pandemia poderá ocorrer em breve na Capital, porém, com uma redução lenta de novos casos. A pandemia, no entanto, pode continuar caso um novo vírus mais violento volte a ser transmitido entre a população, ou, se a imunidade de quem já tem anticorpos seja temporária.
“Exatamente por ter sofrido as maiores taxas de letalidade e mortalidade do país, observa-se que em Manaus, a redução da velocidade de óbitos ocorreu antes e mais rapidamente que a de casos. Esse fenômeno dever ser atribuído à evolução do vírus, decorrentes dessa interação massiva da população hospedeira com a do parasita. Na última fase da pandemia que parece estar por acontecer em Manaus, deverá ocorrer uma redução drástica da mortalidade. Isso porque a transmissão da doença deverá finalmente perder velocidade”, afirma a publicação.
Atlas ODS
O Boletim Atlas ODS Amazonas é uma publicação do Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA), que apresenta os destaques da pesquisa sobre os indicadores dos municípios do Amazonas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É coordenado pelo professor Drº Henrique dos Santos Pereira e conduzida pelo bolsista do Programa Nacional de Pós-doutoramento da Capes, Drº Danilo Egle Santos Barbosa.
Durante a pandemia da Covid-19, a equipe do Atlas ODS vem desenvolvendo boletins com o monitoramento da doença na cidade de Manaus.
Casos no Amazonas
Nesta quinta-feira, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) atualizou o boletim epidemiológico no Estado, com mais 1.140 casos de Covid-19, totalizando 53.989. Ao todo, 43.508 pessoas já passaram pelo período de quarentena (14 dias) e se recuperaram da doença.
Ainda segundo a FVS-AM, foram confirmados mais 37 óbitos pela doença, elevando para 2.400 o total de mortes.
Dos 53.989 casos confirmados no Amazonas até esta quarta-feira (10), 22.504 são de Manaus (41,68%) e 31.485 do interior do estado (58,32%).
