*Da Redação Dia a Dia Notícia
Finalizada recentemente, antes da COP-27 no Egito, a pesquisa IBR aponta que atualmente apenas 14% das empresas de médio porte estão relatando as emissões de Escopo 3, cuja divulgação passou a ser exigida pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), juntamente com os Escopos 1 e 2. Esta decisão foi tomada na reunião do órgão em outubro, em votação unânime.
O Escopo 1 abrange as emissões diretas de GEE de uma empresa, como emissões de combustão estacionária, da operação de movimentação do solo, de transporte de matéria-prima, produto final e outros materiais por frota própria; emissões de veículos próprios utilizados para o transporte de colaboradores; emissões fugitivas e do gerenciamento de resíduos sólidos. O Escopo 2 abrange as emissões indiretas associadas ao consumo e à aquisição de energia elétrica, enquanto o Escopo 3 engloba todas as outras emissões indiretas da cadeia de valor.
Na pesquisa, enquanto mais de um terço (35,2%) afirmou relatar as emissões do Escopo 1 e 2 como requisitos obrigatórios e pouco menos de um terço (31,5%) relatam as emissões do Escopo 1 e 2 voluntariamente, apenas 14,3% estavam divulgando suas emissões do Escopo 3.
Embora o International Standard Sustentability Board (ISSB) tenha confirmado quais tipos de emissões estão no escopo, não será publicado nenhum padrão sobre os dados a serem rastreados e relatados pelas empresas, até o início de 2023. No entanto, o Conselho confirmou o uso da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) como base para seus padrões.
“Todos sabem que enfrentar as mudanças climáticas e construir um futuro mais sustentável para o planeta é o desafio mais sério para uma geração”, diz Peter Bodin, CEO da Grant Thornton International Ltd. “A menos que levemos os relatórios de emissões tão a sério quanto os danos que as emissões estão causando, não faremos progressos significativos no combate às mudanças climáticas. É por isso que estamos pedindo aos governos e reguladores que acelerem a publicação e a adoção de padrões consistentes de relatórios de sustentabilidade.”
Dificuldades
Apesar dos indescutíveis benefícios, a adoção de relatórios ESG está sendo dificultada pela falta de um caminho claro, com a existência de vários padrões, obrigatórios e voluntários, e pouca orientação sobre quais dados precisam ser coletados e como devem ser relatados. “É uma questão de saber quais informações buscar e o que fazer com esses dados. A análise do cenário é desafiadora e muitas empresas não sabem por onde começar”, diz Sarah Carroll, diretora de Relatórios de Sustentabilidade da Grant Thornton International.
Isso pode ser especialmente difícil para empresas de médio porte, por falta de recursos para cumprir os requisitos de relatórios, cuja preparação requer ação imediata e investimento significativo.
Para Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil, as empresas brasileiras não fogem da tendência global crescente de busca de sustentabilidade. No entanto, o principal motivador na agenda de decisão executiva, na grande maioria das organizações, ainda está relacionado à redução de custos, pressão por compliance e aos riscos de reputação. “As empresas brasileiras ampliaram seu olhar para os aspectos ESG, mas ainda há lacunas importantes a serem preenchidas. É preciso avançar além da agenda reativa e investir em estrutura, em pessoal e em treinamento”, conclui.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), no Egito, este mês, destaca as ações necessárias para cumprir as metas ambientais – incluindo relatórios – com foco na implementação dos Acordos Climáticos de Paris. “A comunidade global precisa trabalhar em conjunto para alcançar os objetivos de Paris e o mercado de médio porte é uma parte interessada importante nessa comunidade”, diz Esther Wolfs, sócia da Unidade de Serviços de Impacto Sustentável da Grant Thornton Holanda. “Para alcançar um futuro net-zero, todos precisam reduzir suas emissões e saber como impulsionarão a revolução da tecnologia verde, assim como acessar o financiamento climático para ampliar a adaptação.”