*Da Redação do Dia a Dia Notícia
A jovem Carolina Arruda, de 28 anos, que ficou famosa em 2024 pela luta contra a pior dor do mundo, vai se submeter a um novo tratamento experimental para tentar aliviar os sintomas. Ela enfrenta há doze anos a neuralgia do trigêmeo, uma condição rara que provoca dores contínuas e intensas no rosto.
Pelas redes sociais, a estudante de veterinária contou que será colocada em coma induzido para tentar aliviar as crises. O objetivo é reiniciar as respostas do cérebro aos medicamentos anestésicos, permitindo que Carolina consiga voltar a ter maior controle dos sintomas, posto que suas crises estão se tornando mais frequentes.
“Não consigo fazer nem os planos mais bobos, como uma viagem em família. Nas crises, chego a ficar até três dias inteiros sem dormir de tanta dor”, lamentou Carolina.
Como tem sido o tratamento?
Desde julho do ano passado, Carolina faz acompanhamento médico na Santa Casa de Alfenas (MG), uma clínica especializada em dor. Mesmo após seis cirurgias e várias internações para intervenções medicamentosas, nenhum procedimento conseguiu interromper as crises.
“Minha última esperança agora é ser colocada em coma induzido, entubada, sem consciência, pra ver se meu cérebro ‘reinicia’ e volta a responder aos remédios. É cruel demais ter que aceitar ser colocada em coma só pra tentar escapar desse sofrimento por alguns dias”, escreveu em uma rede social.
A estudante relata viver sem qualquer momento de alívio. “Nem dormindo. Nem com remédio. Nem abrindo o crânio”, afirmou. A intensidade das dores a fez considerar o suicídio assistido na Suíça em 2024, plano que ela não considera abandonado de todo.
“Qualquer chance de paz já parece um alívio. Mesmo que seja assim: apagando tudo por um tempo. Só eu sei o que a dor física, psicológica e espiritual causou em mim ao longo dos últimos 12 anos”, indicou.
O que é a pior dor do mundo?
A jovem possui neuralgia do trigêmeo nos dois lados do rosto e os sintomas apareceram há 12 anos. “Esta dor pode ocorrer por vários motivos, mas é especialmente ligada à compressão vascular de nervos dentro do crânio”, explicou a anestesista e especialista em dor Cristina Flávia da Clínica AcolheDOR, em Brasília, em entrevista.
Carolina descreve a dor como facadas e choques elétricos ininterruptos. Menos de 0,3% da população mundial tem neuralgia do trigêmeo. O quadro bilateral da doença, que afeta os dois lados do rosto, como acontece com a jovem, é ainda mais raro.
“Sinto dor 24 horas do meu dia. Vario do nível seis ao 10 da dor nas crises mais intensas, mas sempre estou ali, no mínimo em um nível moderado”, declarou. Os episódios podem causar vômitos e desmaios. Embora algumas cirurgias consigam aliviar os sintomas, no caso da jovem nenhuma intervenção teve efeito.