*Da Redação Dia a Dia Notícia
O movimento indígena no Amazonas amanheceu de luto, nesta segunda-feira (1º). A educadora, artista e multiartista Shirley Baré, referência entre as juventudes indígenas do rio Negro, faleceu, deixando uma lacuna profunda na cultura e na luta de seu povo.
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) manifestou profundo pesar pela perda, destacando a trajetória de Shirley como um símbolo de resistência, criatividade e afirmação identitária. Segundo a entidade, sua caminhada sempre esteve dedicada ao fortalecimento cultural do povo Baré e à inspiração das juventudes indígenas da região.
“Dedicada à cultura, à arte e à resistência de seu povo, Shirley transformou sua caminhada em força coletiva, inspirando juventudes indígenas e fortalecendo a afirmação identitária na região do rio Negro. Sua partida deixa uma lacuna imensa, mas sua memória segue viva na luta, na arte que produziu e na beleza que compartilhou com o mundo”, diz a nota.
O Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam) também lamentou profundamente a perda, ressaltando a potência artística e humana de Shirley. Para o movimento, ela era uma jovem aguerrida, capaz de tocar vidas e territórios com sua expressão artística e seu compromisso com a educação indígena.
“Shirley encantou nós com sua arte para vida. Nos solidarizamos com os familiares e amigos, que nossos ancestrais concedam forças nesse momento tão doloroso”, afirmou o Meiam, ao anunciar sua ancestralização.
Shirley Baré atuava como educadora, artista visual e figura ativa nos movimentos culturais e juvenis de seu povo. Sua obra e sua presença eram reconhecidas pela sensibilidade e pela força com que representava a identidade Baré e os temas relacionados à territorialidade, ancestralidade e espiritualidade indígena.
A Coiab estendeu solidariedade ao povo Baré, familiares, amigos, parentes e parentas, desejando que “os ancestrais a recebam e que sua caminhada siga iluminando as novas gerações”.
A causa da morte não foi informada. Ainda não há detalhes divulgados sobre cerimônias ou homenagens.
Shirley Baré só conheceu a trajetória dos seus antepassados quando foi morar no Parque das Tribos. Durante boa parte da infância, Shirley morou em Barcelos, município que fica a 401 km de distância de Manaus. Desde muito cedo, teve um rompimento cultural e perdeu todos os costumes da sua etnia. Aos 18 anos, ao chegar na comunidade, soube da luta dos avós e tios pela resistência, pela educação indígena, pelo resgate da cultura e da língua nheengatu.
