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JBS apresenta plano contra desmatamento na Amazônia com fundo de R$1 bilhão

Em momento em que a imagem do Brasil sofre com avanços de desmatamentos e queimadas, com muitos associando a abertura ilegal de áreas de florestas à pecuária, Tomazoni avalia que o fundo deve colaborar com várias conquistas sociais e sustentáveis na região amazônica nos próximos anos.

*Da Redação

Após se envolver em escândalos de corrupção e ser acusada de comprar gado de áreas protegidas da Amazônia, a empresa JBS – maior produtora mundial de carnes – agora, promete investir R$ 1 bilhão em desenvolvimento sustentável na região. A empresa lançou nesta quarta-feira, dia 23, o programa “Juntos pela Amazônia”, que prevê a criação de um fundo de 1 bilhão de reais para investimentos no desenvolvimento sustentável do bioma, com aportes da companhia podendo atingir até metade desse total em até dez anos.

“Nós da JBS estamos assumindo o compromisso de fazer as transformações necessárias na nossa cadeia de valor”, disse o presidente-executivo da empresa, Gilberto Tomazoni, em coletiva de imprensa virtual.
A JBS foi acusada em diversas ocasiões de “triangulação de gado”, prática que consiste em transferir o gado de uma fazenda envolvida em disputas ambientais na região amazônica para outra, autorizada a criar e comercializar.
Na coletiva, a empresa garante que cumpre todos os requisitos relativos ao seu fornecimento direto, mas admite que ainda não tem controle total sobre os fornecedores que se abastecem em outras propriedades.
O lançamento do Fundo JBS pela Amazônia é apenas um dos pilares de um plano maior da companhia que integra ações contra mudanças climáticas, que também prevê movimentos internos para garantir que todos os fornecedores de gado, incluindo os indiretos, trabalhem em conformidade com as leis ambientais e dentro das melhores práticas de sustentabilidade.

“Para cumprir as metas, a JBS se compromete a igualar as doações feitas por terceiros, até que o aporte da JBS atinja R$ 500 milhões, sendo que se compromete com a doação mínima de R$ 250 milhões nos primeiros cinco anos, para garantir o início das atividades do fundo”, destaca Tomazoni.

O fundo será destinado a ideias e projetos que visam o desenvolvimento sustentável do bioma, a ampliação do reflorestamento e a conservação da floresta; o fomento à pesquisa científica e tecnológica; o apoio às comunidades da região; os projetos de geração de renda para indígenas, ribeirinhos e quilombolas; e a bioeconomia.

Plataforma Verde

A companhia está lançando também um programa que prevê a implantação da chamada Plataforma Verde, para monitoramento total até 2025 de todos os fornecedores indiretos de gado à companhia, um dos desafios do setor no combate a pecuaristas que atuam na ilegalidade e que colaboram com o desflorestamento.

A JBS diz monitorar, há cerca de uma década, 100% dos fornecedores diretos de bovinos, garantindo que estes estejam em conformidade com as melhores práticas ambientais, numa área maior que a da Alemanha.

Mas o CEO admitiu que a companhia não tem informações de todos os “fornecedores dos fornecedores”, algo que segundo ele nenhuma companhia no país possui, o que pode levantar questionamentos sobre a sustentabilidade de uma parte da produção da nação, maior exportadora global de carne bovina.

Segundo Márcio Nappo, diretor de sustentabilidade da empresa, o primeiro passo dessa estratégia é obter a autorização dos fornecedores diretos para que uma plataforma blockchain tenha acesso às guias de trânsito animal (GTA) que trazem informações das fazendas que venderam animais para os vendedores diretos.

“Através da plataforma será feita uma análise de todos os fornecedores. De acordo com essa política, a JBS não compra animais de fazendas envolvidas com desmatamento de florestas nativas, invasão de áreas protegidas, ou que faça uso de áreas embargadas pelo Ibama ou envolvidas em casos de trabalho análogo à escravidão”, explica Nappo.

A segunda iniciativa, de compartilhamento de inteligência do sistema de monitoramento, acontecerá de forma direta com produtores, instituições financeiras e bancos, ou outras empresas que desejarem adotar critérios socioambientais na relação com as cadeias de valor. “Vamos compartilhar um aprendizado de mais de dez anos com todos os interessados”, avisa Nappo.

 

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